Michael Waller é administrador de empresas e escritor. É autor de diversos livros, três deles específicos sobre vinho, “Vinhos do Novo Mundo – conhecimento para beber melhor”, “101 vinhos brasileiros” e o mais recente Vinhos dos Altos Montes – Vinho brasileiro de qualidade, em pré-venda.
A obra apresenta algumas das vinícolas da região que mais produz vinho no Brasil e faz o leitor pensar sobre os motivos que podem levar Altos Montes a ser, quem sabe, a região vitivinícola mais promissora do Brasil.
Como diz o autor, isso não é uma afirmação, mas sim uma provocação a ser pensada durante a leitura do livro, que traz no conteúdo, além do vinho, histórias de empreendedorismo, estratégias de enoturismo e deliciosas receitas.
Um livro para ler degustando ou degustar lendo.
Conversamos com Michael Waller no Brasil de Vinhos RECEBE – clique aqui e assista em nosso canal do YouTube.
Confira abaixo uma rápida troca de ideias com o autor:
Por que escolher especificamente Altos Montes para retratar entre todas as Indicações Geográficas do vinho no Brasil?
Durante a pesquisa do meu livro 101 Vinhos Brasileiros, alguns movimentos de produtores da região me chamaram atenção e começaram a me fazer pensar sobre o futuro do vinho dos Altos Montes. Especialmente na produção de vinhos finos de alta gama (de guarda) e no desenvolvimento do enoturismo os avanços são notáveis, o que me fez aprofundar a pesquisa.
Depois percebi que mesmo tendo muita tradição na produção de vinhos e sendo a maior indústria do país desde a década de 90, grande parte dos consumidores brasileiros ainda não tem conhecimento disso e do que a marca Altos Montes representa.
Essa conjunção de fatores me fez iniciar o projeto do livro.
Qual foi o critério para definir quais vinícolas estariam no livro?
As cidades de Flores da Cunha e Nova Pádua reúnem juntas aproximadamente 227 vinícolas, boa parte de vinhos de mesa e pequenas cantinas.
No entanto, na tentativa de privilegiar na pesquisa uma amostra de vinícolas que estivessem focadas na qualidade de vinhos finos, foi optado por selecionar as 14 vinícolas que faziam parte da Associação de Produtores de Vinhos dos Altos Montes. Essa organização é o agente de desenvolvimento da Indicação de Procedência dos Altos Montes, que seria o principal “selo de qualidade” para vinhos da região.
Qual a característica em comum entre os produtores desta região?
Todos são empreendimentos familiares com origens ligadas à chegada da imigração italiana no final do século 19.
Por que achas que Altos Montes pode ser a região vitivinícola mais promissora do Brasil?
No último capítulo trago cerca de 10 atributos que resumem as condições da região para expansão dos rótulos de alta gama e das atividades de enoturismo, mas ao longo do livro a fotografia dos produtores pode presumir muitas outras questões importantes para realizar projeções sobre o futuro dos Altos Montes. De uma forma ou de outra, a pergunta final do livro é uma provocação para o leitor conhecer mais a região (seus vinhos e sua gente) e tirar as próprias conclusões.
O que mais te surpreendeu durante a pesquisa para escrever o livro?
Tive muitas surpresas, mas as histórias de empreendedorismo e superação dos 14 produtores, cada uma singular e autêntica, me fez mudar um pouco o conteúdo e abordagem de cada capítulo destinado as vinícolas. Certamente, por causa dessas histórias, é meu livro mais rico em lições de vida!
Imagem: vinhedos de Flores da Cunha no inverno de 2022. Imagem cedida pelo autor.