Diagnóstico e busca de soluções para os impactos das chuvas extremas na Serra Gaúcha

Diagnóstico e busca de soluções para os impactos das chuvas extremas na Serra Gaúcha

Depois de mais de seis meses dos eventos climáticos que assombraram o Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo, um encontro na sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS), pretende apresentar um diagnóstico do ocorrido e apontar soluções para os impactos do ocorrido.  A reunião técnica “Recupera Rural RS – Serra Gaúcha”, um grande painel que vai debater dados meteorológicos, relevo, aspectos geológicos, ocupação e manejo do solo e impactos socioeconômicos, entre outros temas, deve apresentar também sugestões de caminhos a serem seguidos para, quem sabe, prevenir tragédias como estas no futuro. O evento acontece a partir das 8h da sexta-feira, dia 22 de novembro, na sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS).

O encontro trará dados colhidos na micro região de cerca de 500 mil hectares de Caxias do Sul. Ali existem 19 municípios responsáveis por 85% da uva que é produzida no Rio Grande do Sul em cerca de 32 mil hectares de vinhedos. “O impacto direto foi de cerca de 1% nas áreas, com deslizamentos e afins”, afirma Henrique Pessoa dos Santos (foto acima), Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Uva e Vinho. “Mas muito importante em tudo isso é que onde aconteceram os deslizamentos está associado, principalmente, ao percentual de inclinação do relevo: ali 30% do total apresentam ainda muito risco de deslizamento”, alerta. Em área, segundo ele, cerca de 8 mil hectares ainda correm risco de deslizamentos caso se repitam fatos extremos como os que ocorreram em maio de 2024. “Quando analisamos em conjunto a possibilidade de dano é grande”, diz Santos.

Mas tamanho do impacto vai muito além da estrutura produtiva, envolve danos ambientais, sociais e econômicos – alguns deles imensuráveis. “Neste momento ninguém tem o valor exato do tamanho do dano desse impacto”, segue. “Ainda teremos impactos futuros, muitas propriedades terão dificuldades de logística, por exemplo, faltam estradas, pontes, ainda terão custos a ser considerados no futuro, principalmente na próxima safra que se desenvolve no momento”, antecipa.

Os estudos apresentados no evento vão confirmar, entre outras coisas, algo que já é de conhecimento de todos: a mudança climática está presente, saiu das previsões e faz parte do dia a dia. “Eventos extremos como foram registrados em setembro e novembro de 2023, mas principalmente em final de abril e início de maio de 2024, são eventos que fogem da condição normal e já representam um impacto da mudança climática”, resume. Muito disso vem a partir das comprovações de que a temperatura média global vem crescendo a cada ano: “já estamos vivenciando dados de mudança que as previsões salientavam para 2050”.

Dentro desse estudo serão apresentadas teses que apontam que a paisagem vitícola, principalmente nas áreas de encosta da Serra Gaúcha, apresenta fragilidades que têm que ser realmente atacadas, questões que devem ser atacadas de forma urgente. “O ajuste desta paisagem vitícola, principalmente de encosta, com certeza é muito mais barato do que a remediação”, resume.

“Quando se trata de mudanças, principalmente mudanças e práticas culturais – como a viticultura que nós temos historicamente aqui na região – o apoio da indústria para motivar essas mudanças é essencial para a adesão do público em geral, principalmente os produtores”, conclui Santos. “É importante que tenha o engajamento de todos, tanto do setor público quanto do privado, para que realmente mude esse cenário para melhor.”, conclui

Plataforma regional

O objetivo da iniciativa é identificar áreas e projetos prioritários para investimentos e suporte técnico-científico à tomada de decisões de produtores rurais e agentes do Estado, para apoio a políticas públicas de prevenção de desastres e para a retomada da capacidade produtiva dos sistemas agroalimentares e florestais do Estado.

A Plataforma Colaborativa Sul foi instituída em agosto de 2024 com o objetivo de caracterizar e quantificar os impactos socioeconômicos decorrentes da seca, granizo, geada, excesso de chuva e adversos de temperatura na região, bem como sistematizar e disponibilizar tecnologias, conhecimentos e estratégias para sua gestão e para o fortalecimento da resiliência dos sistemas agropecuários.

Programação

8h – Abertura

8h30 – Histórico de ações da Plataforma Regional Sul e do grupo de trabalho em Vitivinicultura – Henrique Pessoa dos Santos (Embrapa Uva e Vinho)

8h45 – Dados meteorológicos associados aos impactos das chuvas – Amanda Heemann Junges (CEFRUTI, Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária/SEAPI)

9h15 – Detalhamento do relevo e localização das áreas de impacto na Serra Gaúcha – Rosemary Hoff (Embrapa Uva e Vinho)

10h – Aspectos geológicos, geomorfológicos e pedológicos, processos erosionais e suas interatividades – Gustavo Ribas Curcio (Embrapa Florestas)

10h45 – Histórico do uso, ocupação e manejo do solo nas áreas de encosta da Serra Gaúcha – Emiliano Santarosa (Embrapa Florestas)

11h15 – Impactos socioeconômicos da catástrofe climática sobre a viticultura da Serra Gaúcha – José Fernando da Silva Protas (Embrapa Uva e Vinho)

11h45 a 13h45 – Intervalo para almoço

13h45 – Proposições de ações/soluções para resiliência de cultivos em encosta – Henrique Pessoa dos Santos (Embrapa Uva e Vinho)

17h – Encerramento

 

Imagens: divulgação Embrapa Uva e Vinho. Foto de topo: Brasil de Vinhos.

 

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