Cerca de 60 amostras das primeiras uvas de 2025 para a microvinificação já foram recebidas na sede do Laboratório de Referência Enológica Evanir da Silva (Laren) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). As microvinificações são realizadas para análise da qualidade da uva e do vinho da safra.

Carolina Grziwotz Scienza, engenheira agrônoma e fiscal estadual agropecuária, explica que as microvinificações são a produção de vinhos genuínos pela Cantina, o setor 15 do Laboratório. “O nome do processo deve-se à produção em pequena escala de vinhos originários das uvas coletadas nas 15 supervisões regionais da Seapi”. Carolina explica que as coletas são realizadas conforme o Plano Amostral determinado pelo Laren, que tem como base os dados da produção de uvas por variedade, região e município, a partir da safra anterior. “Para 2025 estão previstas coletas de 269 amostras em todo o Estado e durante toda a época de produção, que ocorre entre janeiro e março”, conta.                                                       

Fernanda Spinelli, presidente da subcomissão de Métodos de Análises da Organização Internacional da Vinha e do Vinho, explica que estas coletas são realizadas desde 2004: “no total o Laren recebe cerca de 300 amostras a cada ano, que resultam em 5 a 8 litros de vinho cada”. Fernanda explica que cada uma delas tem como objetivo servir de referência genuína para a análise de diversos componentes da bebida, como uma espécie de ‘banco de dados’, identificando, por exemplo, se há presença de água exógena no vinho – quando o líquido é adicionado de forma externa, o que pode ocasionar alterações na bebida – e até de componentes naturais de sua composição, como níveis de metanol no vinho e sorbitol no mosto.

O processo   

As amostras de uvas colhidas pelos fiscais são recebidas na cantina, pesadas e cadastradas por meio da atribuição de um número sequencial e do ano da safra corrente. As uvas utilizadas são tintas e brancas, comuns ou viníferas das variedades representativas no Rio Grande do Sul, vindas de todas as regiões produtoras do estado.

As microvinificações iniciam com o desengace e o esmagamento de cada amostra de uva, também realizado de forma manual. “Após essa etapa, as uvas tintas seguem para a fermentação junto com as cascas em tanques de inox com capacidade de 15 litros, e as brancas passam por uma prensa pneumática para a separação das cascas”, esclarece Carolina, “o mosto vai direto para garrafões de 4,7 litros, daí o nome microvinificação”, resume.

No laboratório são feitas ainda diversas análises iniciais do mosto, entre elas densidade relativa, grau Brix e temperatura inicial. “Todas essas variáveis estão relacionadas à quantidade de açúcar e de sólidos solúveis presentes que auxiliam na previsão do teor alcoólico dos futuros vinhos. diz Carolina.

Após o período de fermentação, são feitas as trasfegas para a retirada das borras e do ácido tartárico precipitado – componente natural dos vinhos. Na última delas, os garrafões de vinho são armazenados em câmara fria até a estabilização da bebida. Depois disso são analisadas acidez, açúcares e evolução da fermentação dos vinhos.

Carolina afirma que as uvas recebidas até agora estão com bom aspecto visual, bagas cheias e cachos uniformes com características típicas de cada variedade. “Poucas apresentaram defeitos visuais como sintomas de doenças ou cachos falhados”, garante a engenheira agrônoma.

Banco de dados

Desde 2004 o Laren elabora vinhos genuínos anualmente, através de microvinificações os quais compõem um banco de dados que serve de referência para análises isotópicas e cromatográficas. O número de amostras a serem coletadas a cada ano é determinado levando-se em conta a produção de uvas no Rio Grande do Sul por município e por variedade, do ano anterior ao da coleta. As coletas são realizadas por fiscais estaduais agropecuários em todas as regiões produtoras de uva do Estado.

com informações da assessoria de imprensa da Seapi

Fotos: Fernando Dias/Seapi

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