Diariamente Mateus Dalla Corte e o pai, Ivo, com seus 74 anos de idade, são os dois únicos funcionários deles mesmos na área de 5 hectares cultivados com 14 diferentes variedades em Garibaldi (RS) – no auge da safra, nos meses de verão, contratam trabalhadores temporários para a colheita.
Mateus e Ivo são os proprietários da vinícola Dallavino, que hoje elabora 15 diferentes rótulos – 8 deles de uvas de mesa, um deles da variedade Lorena. “A Lorena tem um potencial de mercado muito grande, principalmente pensando em quem gosta de um vinho mais aromático e perfumado”, diz Mateus.

Pois essa uva, a BRS Lorena, lançada em 2001 pelo Programa de Melhoramento Genético “Uvas do Brasil” terá sua 1ª seleção de vinhos na quinta-feira, dia 6 de novembro de 2025 na sede da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS). Foram inscritas 79 amostras de vinhos tranquilos, frisantes, espumantes, licorosos e sucos de uva integral, de 51 vinícolas de 6 estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia.
“Todas as amostras serão avaliadas às cegas, garantindo total imparcialidade e foco exclusivo na qualidade sensorial dos produtos, a partir de critérios técnicos da Organização Internacional da Vinha e do Vinho”, explica Mauro Zanus, coordenador da Seleção, “nossa expectativa é premiar até 30% dos produtos de cada categoria, respeitando os critérios definidos no regulamento”, resume o pesquisador.

Uma destas amostras virá dos Dalla Corte, que até 2020 só produziam vinho de mesa e suco com as variedades Moscato, Isabel, Bordô, Niágara Rosa, Cora, Carmen, Moscato R3 e, claro, Lorena. “Entramos no fino pra agregar valor ao produto”, diz Mateus, formado em Administração de Empresas e que voltou para o campo para tocar o negócio ao lado do pai e da mãe, Odete, que vez ou outra atende no pequeno varejo no porão da casa onde moram.
Mas também passaram a elaborar vinhos finos porque os clientes pediram: “eles nos diziam que nosso vinho de mesa era bom e pediam finos, então fizemos”, diz Mateus. “Começamos com Merlot, depois Cabernet Sauvignon. Faz quatro anos que estamos produzindo também Malbec e Tannat”, conta, “e neste ano devemos lançar nosso Marselan safra 2024”. Entre as brancas vinificam Chardonnay.

Além da Lorena, claro.
Os pesquisadores afirmam que a variedade desenvolvida na Embrapa foi conquistando os viticultores pela produtividade e menor necessidade da aplicação de fungicidas – os consumidores são ganhos pelo aroma intenso de seus vinhos, que lembra flores e frutas tropicais.
De acordo com os dados do Cadastro Vitícola Nacional (Sivibe) e estimativas da Embrapa Uva e Vinho, há cerca de 600 hectares de vinhedos comerciais cultivados com Lorena pelo Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco e Minas Gerais.
Meio hectare destes 600 está na propriedade dos Dalla Corte há 25 anos, praticamente desde que a cultivar foi lançada: “é uma uva que se adaptou muito bem a nossa região, cachos uniformes e boa graduação, 16º ou 17º babo e boa produtividade”, diz Mateus, confirmando o que apontam as conclusões dos pesquisadores.
Cultivar a Lorena – e beber o vinho produzido com ela nos almoços de final de semana – é um hábito da família Dalla Corte: “que não se perca essa identidade da região do Vale dos Vinhedos. Isabel e Lorena foram as primeiras uvas a ser plantadas, praticamente todas as vinícolas da região cultivavam Isabel ou um vinho branco – nós produzimos o Lorena, um vinho de mesa”, diz Mateus. E o produtor finaliza com um pedido: “que o pessoal procure mais consumir o nosso vinho de mesa aqui da região do Vale dos Vinhedos”.
Imagens: Brasil de Vinhos | Lucia Porto e divulgação EMBRAPA
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