A força da presença feminina na Wine South America 

A força da presença feminina na Wine South America 

OOs três dias da Wine South America em Bento Gonçalves, uma das mais importantes feiras de negócios de vinhos do Brasil – principalmente de vinho brasileiro – nos trazem diversos insights, constatações e pontos para reflexão. E uma das confirmações que trazemos aqui é a presença cada vez maior de mulheres no ‘mundo’ do vinho brasileiro. Não há uma estatística específica para isso – e aqui fica uma dica, talvez para nós mesmos do Brasil de Vinhos – é preciso buscar essa informação mais a fundo: das cerca de 1,2 mil vinícolas regulamentadas no Brasil, quantas delas têm mulheres a frente, em posições decisórias, como líderes? Atuando como enólogas, chefes de cantina, executivas, gestoras administrativas, presidentes? Se tu esperavas uma resposta não, não temos esse número. Mas a percepção que tivemos durante a feira é que cada vez mais a participação feminina cresce. 

Senão vejamos: em um evento como este, por mais que nos esforcemos, é impossível ver tudo, conhecer tudo, falar com todas as pessoas, são muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e quase todas no mesmo lugar, no mesmo horário. E ainda há, digamos, um complicador que nos damos conta ao entrar no pavilhão, em um pensamento que foi bem expressado pelo escritor Michael Waller: “a cada ano que passa é mais difícil cumprirmos alguns dos principais objetivos de uma feira, conhecer novidades e fazer negócios”, constata, “mas veja bem, isso acontece porque à medida em que nos envolvemos e conhecemos mais, criamos relacionamentos e fazemos amigos: temos uma agenda sentimental a cumprir na Wine”, explica.  

E isso é a mais pura verdade.

A impressão de Waller se confirma ao caminharmos nos corredores: feiras são lugares de encontros de amigos, de abraços, de sorrisos, de muitos brindes. Especificamente no caso da Wine, que não acontecia desde 2023 por conta da enchente do Rio Grande do Sul, a saudade ficou represada, com o perdão do trocadilho. 

Mas voltemos a presença feminina – e não vamos falar na organização da feira, realizada por uma equipe formada por diversas mulheres, no espaço das masterclasses da ABS-RS, também presidida por uma mulher ou na nossa representatividade atuando como jornalistas do setor, isso quase uma unanimidade. Ao relacionar os nomes abaixo vamos deixar muitas pessoas de fora, claro, porque – repetimos – a feira é enorme.  

Do Rio Grande do Sul há mulheres à frente de vinícolas em todas as regiões. Comece pela Campanha Gaúcha, por exemplo. Na presidência da Associação está Rosana Wagner, a primeira enóloga da região, responsável pelos rótulos de sua vinícola, a Cordilheira de Sant’anna. Circunde o estande e encontre ainda Manuela Ayub, na Campos de Cima (foto acima, à esquerda, ao lado do marido Pedro Candelária), Karin Zilles, na Dunamis, Mônica e Victoria Zara Mércio, na Paraizo, e Amélia Leite e Livia Castilhos, na Guatambu – neste ano a enóloga Gabriela Pötter não esteve presente, uma semana antes participou do Premium Tasting, em São Paulo. No estande dos vinhos catarinenses o sorriso que chama a atenção à distância é de Carolina Ferraz, enóloga e uma das proprietárias da Vinhedos do Monte Agudo – que aliás lidera, também na companhia da irmã, Patricia.  

Voltando ao Rio Grande do Sul, descendo da Campanha chegamos em Encruzilhada do Sul e encontramos a Gabi ao lado do Paulo, na vinícola Brocardo, antes de estacionarmos na região dos Altos Montes, municípios de Flores da Cunha e Nova Pádua, na Serra Gaúcha, onde a lista é longa: metade das 20 vinícolas associadas tem mulheres em posições estratégicas. Podemos começar pela Casa Eva, que tem cinco mulheres da família Muraro no comando, a mãe e quatro irmãs, com a presença mais frequente de Francine e Alessandra (na foto acima, apresentando o Pinor Noir em evento paralelo à feira). Na região também encontramos Daiane Argenta (foto abaixo, a esquerda), à frente da Luiz Argenta, Débora Viapiana (foto abaixo, no meio) na vinícola que leva o sobrenome da família; Roberta Boscato, que divide o comando da vinícola com o pai, Clovis e na Terrasul Carol divide o comando com o irmão, Augusto. Na Cave de Angelina Francine está lado a lado com André Tonet, o presidente da Associação. Carla (foto abaixo, à direita) responde pela Ulian; Graziela, pela Caetano Vicentino, Janaína pela Marzarotto e Fabiane pela Veadrigo – estas três, aliás apresentaram um vinho juntas na WSA, o Três Enólogas (foto de topo). 

Em Bento Gonçalves, no coração do Vale dos Vinhedos a amizade entre Andreia Gentilini e Juciane Casagrande Doro deu origem à Amitié (foto abaixo, à esquerda), as irmãs Talita (foto abaixo) e Gílian Nicolini Verzeletti comandam a Courmayeur, que ainda tem na enologia a presença solar de Deise Tempass; na Ales Victoria Deborah Villas-Bôas Dadalt comemora a possibilidade da exportação do recém-lançado Deorum Merlot D.O.V.V. 2018 da Ales Victoria para a Itália pelas mãos de Karine de Souza, sommelière brasileira estabelecida há anos na Europa. Mais acima em Monte Belo do Sul, Caroline Gonzatti brinda a Seis Mãos – e a chegada de Catarina para breve – e Grazi apresenta novos produtos na Somacal. Em Faria Lemos, Bruna abriu os caminhos e segue a frente da Cristofoli, tendo ao lado agora o irmão Lorenzo e a prima Letícia. Bruna é a segunda geração da família, assim como é Tainá Zanetti, que comanda a Madre Terra, em Flores da Cunha.  

Ainda no Rio Grande do Sul, Cristiana Petriz é a ‘novata’ deste grande grupo de mulheres, liderando as estratégias de uma das mais recentes vinícolas de Pinto Bandeira, a La Grande Bellezza, ao lado do marido, Rossano. Seguimos na Serra Gaúcha, mas em Farroupilha, terra do Moscatel, onde Natalia Taffarel acumula agora a presidência da Associação de Vinícolas de Farroupilha e o trabalho na Cave Antiga, ao lado do pai, João Carlos, e do enólogo Cristian Ambrosi. Em Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre Katiuscia Both está sempre presente ao lado do marido, Marciano, na Guahyba Estate Wine.  

No Centro Oeste a presença das mulheres nas vinícolas também é grande. Entre tantas as que conhecemos nesses três dias de feira – e das quais falaremos em outras oportunidades – atenção para o trabalho delas nas vinícolas São Patrício e Monte Castelo, em Goiás, com a mão da Carolina Martins. Em Brasília, lado a lado no estande da Wine South America e parte do grupo de 10 empresas que formam a vinícola Brasília, Renata Vitor La Terra, da Casa Vitor, Isabella Bonato, da Oma Sena, e Renata Marchese, da Marchese Vinhos.

O Brasil é mesmo um país de vinhos e cada vez mais mulheres estão descobrindo – e trabalhando para isso.

Acompanhe a cobertura da Wine South America pelo instagram do Brasil de Vinhos.

Fotos: Brasil de Vinhos

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