Ouvir Adriano Miolo é testemunhar a história – e a geografia – do vinho brasileiro: “São 12 estados e 5 biomas diferentes que praticam a viticultura no Brasil. A diferença de terroir é maior que a própria Europa e América do Sul como um todo”, explica o enólogo, diretor-superintendente da vinícola Miolo, uma das mais reconhecidas indústrias do setor. Questionado sobre o principal desafio de lidar com a diferença das regiões em que o Grupo Miolo está presente, Adriano sorri: “Esse é um desafio que gostamos de enfrentar”.
Os desafios incentivam, e a tecnologia facilita. “Os novos investimentos das regiões já surgem a partir de um estudo de solo elaborado, um cenário muito diferente do encontrado quando começamos”, lembra. “O vinho brasileiro passou por uma transformação espetacular nos últimos 30 anos”.
E sim, a “descoberta” das novas regiões é uma destas grandes mudanças. Única vinícola brasileira presente hoje em três diferentes regiões – Rio Grande do Sul, no Vale dos Vinhedos e na Campanha Gaúcha, e em Pernambuco, no Vale do São Francisco – a Miolo está frequentemente realizando pesquisas, estudando terroirs, fazendo experiências e buscando novidades. Agora o foco da Terranova, no Vale do São Francisco, por exemplo, é o estudo dos resultados a partir de variedades como Grenache e Mouvèdre – sim, em breve a Miolo deverá ter um GSM, corte clássico francês da região de Côtes du Rhône, entre seus mais de 100 rótulos.
Adriano atribui boa parte do sucesso da diversidade que está tomando conta do Brasil ao consumidor. O enólogo argumenta que a exigência do público por novos rótulos tem instigado os produtores a produzirem vinhos diferenciados – prática que no início, até chegou a ser criticada.
Ao falar do futuro, o empresário lembra a recente edição da Avaliação Nacional de Vinhos, acompanhada online simultaneamente mais por mais de 2 mil pessoas. Com o passar do tempo, nas 31 edições do evento pode se testemunhar a evolução do vinho brasileiro: em variedades, em estilos, em notas. “Nas primeiras avaliações – e isso se pode comprovar pelos históricos da ABE – tínhamos pontuações de 70, 80 pontos”, conta. “Nessa não vimos nada abaixo de 90, notas dadas por especialistas brasileiros e de fora. Fomos até 97”.
Ouvir Adriano Miolo nos faz acreditar ainda mais que o futuro do vinho brasileiro é muito promissor. Clique aqui e confira a conversa que tivemos com ele na íntegra. Tire suas próprias conclusões e deixe as suas opiniões nos comentários em nosso canal do Youtube.
imagem: Adriano Miolo no vinhedo de Merlot no lote 43, no Vale dos Vinhedos – foto Emerson Ribeiro