Agroindústrias familiares criam clube do vinho para garantir sua continuidade

Agroindústrias familiares criam clube do vinho para garantir sua continuidade

Em tempos de incerteza e sem perspectivas das atividades na Serra Gaúcha, a solução está na união e na criatividade. Oito vinícolas familiares montaram uma iniciativa para salvar seus negócios e seguir operando diante dos reflexos das enchentes que atingiram o Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. A criação do Clube Vinhorigem, clube de vinhos que une agroindústrias do município, surge como alternativa para seguir promovendo o terroir e a autenticidade da região e principalmente, garantir o futuro das famílias que dependem do enoturismo para desenvolver seus negócios.

Estão confirmadas no Clube Vinhorigem as vinícolas: Buffon Vinhos e Vinhedos, Casa Zottis Vinhos e Uvas, Della Mastela Vinhos de Família, Vinícola Speranza, Vinícola Dallavino, Videiras Carraro Vinhos e Memórias, Vinícola Vistamontes e Vinhos Porão do Vale. São agroindústrias familiares que produzem de 20 a 40 mil litros por ano, possuem o selo Sabor Gaúcho e concentram praticamente 90% das vendas nas visitas turísticas às propriedades e participação em feiras. Como alguns não possuem sites, a ideia é uma forma de atingir público de outros estados.

Para ajudar essas empresas, os apaixonados por vinho terão duas opções de assinatura (foto acima. Crédito: divulgação). A primeira é o “Clube Descoberta”, plano anual que oferece duas garrafas de vinhos selecionados por mês, oito experiências enoturísticas gratuitas (como o piquenique entre os vinhedos da Casa Zottis, foto acima. Crédito: divulgação Casa Zottis) e frete grátis para todo país pela mensalidade de R$ 179. No “Clube Raridades”, serão duas garrafas de vinhos premium e ícones por mês, também em formato anual, com as mesmas vantagens de degustação nos locais e frete sem cobrança, por R$ 289 mensalmente. Os envios utilizarão sistema de rodízio para cada região, de modo que todos recebam os mesmos vinhos até o final da experiência. Se o consumidor gostar muito de um rótulo do clube, pode incluir em seu pedido aproveitando o mesmo transporte gratuito, pagando apenas o valor da garrafa.

Daniela Zottis, da Casa Zottis, destaca que o movimento era estudado há algum tempo pelos participantes, mas que o momento de urgência que o setor enfrenta, motivou a ação imediata.  “Sabemos que unidos somos mais fortes e que as ações individuais de cada produtor atingiriam menos locais. A ideia é que esse clube tenha uma longevidade, pois é a forma que encontramos de seguir trabalhando e ter alguma fonte de renda para os próximos meses”, explica. “Em maio foi inexistente”, lamenta.

Ela ressalta que, apesar dos impactos severos na cidade, parte do turismo continua funcionando. “Teve a queda de uma estrada que deve ser recuperada em breve, mas é possível acessar por um desvio. Por mais que as pessoas tenham a ideia de que não há acesso, tem áreas que dá para chegar e seguimos abertos, atendendo o público local”.

Allana Cappelli Decarli, enóloga da Vinícola Della Mastela (foto acima. Crédito: divulgação), entende que a iniciativa parte da ideia de reconstrução do setor e possibilita também ajudar as empresas mais atingidas.  “É um momento que não gostaríamos de estar vivendo. Criamos essa alternativa para que as vinícolas possam comercializar seus produtos para todo território nacional. Estamos fazendo o possível para contribuir e manter viva a tradição e paixão que as agroindústrias colocam na elaboração dos vinhos”, explica Allana, que complementa. “Sem essa ação, ficaríamos estagnados. O foco das vendas sempre foi o consumidor final e estávamos com esperança no inverno por ser alta temporada. Montamos iniciativas como degustações e experiências diferenciadas que foram barradas por essa tragédia”.

A Vinícola Speranza está entre as participantes e foi convidada não apenas para auxiliar nas vendas, mas como uma saída para a operação que foi bastante afetada. Para Alceu Speranza, a união surge como uma boa notícia diante dos danos estruturais em seu negócio. “Tudo que vier nesse momento é uma grande ajuda. Essa ação vai divulgar bastante meus produtos e como não tenho site, é uma fuga para entrar dinheiro nesse cenário complicado. O mês todo eu não vendi nada, foi só prejuízo”, relata. “Os estragos foram grandes, ainda estamos tratando das perdas”, sentencia.

 

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