Ainda não é possível medir os efeitos da calamidade no Enoturismo no Vale dos Vinhedos

Ainda não é possível medir os efeitos da calamidade no Enoturismo no Vale dos Vinhedos

O Rio Grande do Sul está mobilizado para auxiliar as vítimas da enchente que deixou o estado em situação de calamidade pública e para isso conta com a ajuda de diversas frentes. O setor viticultor também trabalha em solidariedade nas áreas mais afetadas. Mais especificamente o enoturismo – atividade que atrai visitantes de todo o mundo e emprega milhares de pessoas – já sofre com cancelamentos, adiamentos e a dificuldade de prever o impacto que pode vir pela frente. Mesmo diante tantas incertezas, não há dúvidas para os representantes do setor quanto a prioridade do momento: “os esforços coletivos são, agora, para atender às pessoas que precisam de suporte e garantir a segurança e o bem-estar daqueles que estão em necessidade”, pontua Ronaldo Zorzi, presidente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale) em pronunciamento oficial.

Zorzi ressalta que ainda é muito cedo para avaliar as consequências de forma mais concreta: “Os estabelecimentos estão em funcionamento e, de forma geral, cumprindo os atendimentos que se mantiveram ou, em outros casos, remanejando reservas em função das dificuldades de acesso para a região, para maior segurança dos visitantes. Ainda não é possível aferir os efeitos no enoturismo”, explica.

Thompson Didoné, responsável pelo escritório municipal da Emater de Bento Gonçalves, coração do enoturismo no Rio Grande do Sul, reforça o pronunciamento de Zorzi explicando que, no momento, é difícil de relatar os estragos de forma precisa: “Preferimos esperar para nos posicionarmos de forma concreta. Estamos quantificando ainda, mas isso é problemático porque nós não fomos ver. Fizemos um levantamento baseado em imagens de drones e depoimentos”, afirma Didoné.

De acordo com o boletim de atualização da prefeitura em 9 de maio, já foram registrados 9 óbitos em Bento Gonçalves. A partir dos relatos que ouviu, Didoné acredita que a cidade foi uma das que mais sofreu com desmoronamentos de terras sobre plantações. Ele também compartilha uma imagem que recebeu, mostrando um deles que ocasionou fatalidades e casas soterradas. “Muitos agricultores relatam não querer voltar para as propriedades, o medo é muito grande. O mais importante agora é dar condições de acessibilidade, garantir luz e água e também todo o apoio psicológico possível às famílias”, pontua Didoné.

Os hotéis estão realizando ações dentro do possível. De acordo com um dos estabelecimentos da Serra Gaúcha (que por opção de seus representantes solicitou por não ter seu nome citado) no momento há 118 bombeiros hospedados em hotéis da região, para facilitar os serviços de resgate. Bento Gonçalves também realiza uma ação coletiva chamada de Recupera Turismo Bento, realizada por empreendedores e entidades civis, que procura apoiar as necessidades mais emergenciais da cidade neste momento. De acordo com Deborah Villas-Bôas Dadalt, sócia-diretora do Spa do Vinho Hotel & Condomínio, novas ações serão necessárias e o movimento já conta com a aprovação da prefeitura para a divulgação do projeto em nome da cidade.

Rodrigo Ferri Parisotto, consultor de negócios turístico e proprietário do Lote 20 Hotel Boutique, em Bento Gonçalves, e Mosteiro Hotel de Charme, em Garibaldi, define a última semana em uma palavra: apreensão. “Na quinta-feira, dia 2 de maio, tivemos um aviso para evacuação, porque uma barragem próxima ao Lote 20 poderia romper. Nos mobilizamos para transportar nossos principais materiais para o andar de cima e fechamos o hotel”, conta o proprietário. Parisotto diz que o estabelecimento não foi atingido, mas que a complicação pode vir adiante: “Houve uma série de cancelamentos. O problema é que não estão cancelando apenas em maio, mas em junho e em julho. Isto é muito preocupante”, pondera. Segundo ele, há uma expectativa para a possibilidade de retomada das atividades assim que o aeroporto de Caxias retomar seus vôos. Ao olhar para o hotel que não teve sua estrutura prejudicada, Parisotto é otimista: “Nos permite ter esperança. Mostra que nem tudo está destruído”.

Imagens: arquivo pessoal Thompson Didoné e Lote 20/divulgação

 

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