Representantes da Universidade de La Laguna, localizada nas Canárias, Espanha, e da Associação de Produtores de Vinho de Pinto Bandeira assinaram um protocolo de colaboração que tem o objetivo de facilitar o intercâmbio de boas práticas no enoturismo e fortalecer a ligação entre o mundo empresarial e a academia, compartilhando conhecimento entre as Canárias e o Brasil.
Este acordo deve facilitar a realização conjunta de atividades formativas, informativas, de extensão universitária, pesquisa e compromisso social. Um elemento central desta aliança será o papel da Cátedra de Agroturismo e Enoturismo das Canárias do Instituto Canário de Qualidade Agroalimentar e da Universidade de La Laguna – a Cátedra é fundamental para o desenvolvimento de projetos de atuação conjunta, unindo conhecimento científico e experiência prática para impulsionar a inovação no enoturismo.
“Para os produtores de vinho de Pinto Bandeira, esta aliança com a Universidade de La Laguna (foto acima) é uma oportunidade inestimável. Acessaremos o conhecimento científico e as ferramentas que a Cátedra de Agroturismo e Enoturismo das Canárias nos oferece para aperfeiçoar nossas práticas, melhorar a qualidade de nossos produtos e potencializar a experiência enoturística em nossa região”, comemora Daniel Geisse, presidente da Associação de Produtores de Vinho de Pinto Bandeira, “estamos convencidos de que este intercâmbio de saberes nos permitirá elevar o perfil de nossos espumantes e fortalecer a identidade de Pinto Bandeira no mapa internacional do enoturismo”, completa
Em novembro de 2024, Juliana Toniolo Rossato enóloga e executiva da Associação de Altos de Pinto Bandeira, esteve nas Ilhas Canárias para apresentar uma parte de sua pesquisa de mestrado em Viticultura e Enologia. O trabalho que aborda a integração de diretrizes de sustentabilidade nas Indicações Geográficas de vinhos, desenvolvido no Instituto Federal do Rio Grande do Sul/Campus Bento Gonçalves, foi divulgado em um evento de viticultura sustentável.
Durante o período em que esteve por lá Juliana teve a oportunidade de falar sobre as atividades dos produtores da Asprovinho, uma pequena associação que funciona de forma colaborativa com vinícolas da região de Pinto Bandeira (RS). A executiva explanou, entre outras coisas, o modelo de governança e as práticas sustentáveis adotadas. Dessa conversa surgiu a possibilidade de cooperação entre as Denominações de Origem das Ilhas Canárias e a de Altos de Pinto Bandeira, fortalecendo o diálogo internacional em torno da sustentabilidade na produção vitivinícola.
“Me informaram que tinham um acordo de cooperação com o IFRS-BG e que já haviam feito algo similar com outras Indicações Geográficas pelo mundo, ao mesmo tempo questionaram se estaríamos disponíveis e com interesse para isso”, conta a executiva, “eu disse que sim, mas que não tínhamos recursos destinados a essas ações”, explica. Porém a ideia do acordo não envolvia financiamento direto, e sim visava estreitar a troca de conhecimentos, manter contato e viabilizar possibilidades de crescimento em conjunto.
Em março deste ano Juliana voltou às Canárias e levou consigo os espumantes da região de Altos de Pinto Bandeira produzidos por Cooperativa Vinícola Aurora, Cave Geisse, Don Giovanni, Terraças e Valmarino – as cinco vinícolas ligadas à única Denominação exclusiva para espumantes do Novo Mundo – para degustações em aulas de um curso de análise sensorial avançada na universidade: os resultados foram excelentes.
“A Associação já está participando, por exemplo, como objeto de estudo de uma dissertação de Pós Doutorado na Unirio, do Rio de Janeiro (RJ), pois a Instituição fluminense também tem um acordo de cooperação com a Universidade de La Laguna”, comemora Juliana.
É interessante salientar que, apesar de pertencer à Espanha – país importante quando se pensa em vinhos – e por terem tradição com a bebida, os vinhos das Ilhas Canárias ainda tem potencial para ir mais além: “de certo modo é algo parecido com o Brasil”, afirma a enóloga, “eles têm uma história com a bebida, mas por serem um arquipélago e pela sua natureza e formação geológica única elaboram vinhos incomuns, vulcânicos. Desta forma são vistos como produtores de vinhos distintos, talvez até um pouco exóticos, assim como os vinhos brasileiros”, finaliza. Mais um motivo para comemorar a assinatura desse acordo, que une dois locais tão distantes, mas com realidades tão próximas.
Ambas as entidades trabalharam durante meses no estabelecimento de ações de cooperação que permitam a transferência de conhecimento e projetos de pesquisa através da mobilidade de docentes e profissionais que já participaram de formações e jornadas realizadas no arquipélago.
A Associação de Produtores de Vinho de Pinto Bandeira, por sua vez, contribui para esta aliança com conhecimento do setor vitivinícola, experiência na gestão de Indicações Geográficas e compromisso com a promoção do desenvolvimento do enoturismo sustentável da região de Pinto Bandeira. A Asprovinho busca, através da colaboração com a Universidade de La Laguna, acessar novas ferramentas e conhecimentos que impulsionem a competitividade de seus associados, fomentando um desenvolvimento enoturístico de qualidade e respeitoso com o meio ambiente.
“Esta aliança com Altos de Pinto Bandeira representa um passo fundamental em nossa missão de conectar o conhecimento acadêmico com as necessidades reais do setor”, diz Jesús de las Heras Roger, diretor da Cátedra de Agroturismo e Enoturismo das Canárias, “a conexão com o Brasil, um país com um potencial vitivinícola emergente, abre um leque de oportunidades para ambos os territórios”, complementa.
Fotos: divulgação Asprovinho. Foto de topo, vinícola Aurora, em Pinto Bandeira.
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