O Rio Grande do Sul enfrenta desde o final de abril um dos períodos mais difíceis de sua história. Nesta quarta (15) já foram confirmados 149 óbitos causados pelas enchentes que atingem o estado, mais de 538.245 mil pessoas estão fora de casa, 108 seguem desaparecidas e 446 dos 497 municípios gaúchos foram afetados. A situação mobiliza o país inteiro em campanhas solidárias e a população se comunica pelas mídias sociais para organizar ações em diferentes grupos. Nesse momento, o grupo do churrasco de domingo se torna um meio de comunicação para juntar doações e os amigos que falavam sobre futebol agora compartilham informações sobre abrigos.
É muito difícil quem trabalha com vinho, seja produzindo, vendendo, estudando, comunicando, ou mesmo aqueles que amam o vinho, suas histórias, suas tradições e sua cultura, não participarem de um – ou mais – grupos de whatsapp de aficcionados, ou estudiosos do tema. E nesse momento, essa ferramenta foi, e é, fundamental. E foi por meio dela que chegamos a diversas turmas que, unidas pelo vinho, agoras estão também juntas pela solidariedade. E foi neste grupos que buscamos e estamos recebendo de vinhateiros, produtores, sommeliers, técnicos, lojistas e apreciadores de vinhos, diversos movimentos espalhados pelo Brasil e compartilhados entre suas comunidades, iniciativas que nasceram para ajudar o Rio Grande do Sul a enfrentar essa situação de calamidade.
Distrito Federal
Ronaldo Triacca, sócio da vinícola Brasília, compartilhou com seus grupos a notícia de que um comboio carregado de doações (foto acima. Crédito: divulgação 5ª divisão do exército brasileiro) está indo de Brasília até o Rio Grande do Sul. De acordo com informações do comando da 5ª divisão do exército brasileiro, são 180 toneladas de donativos que devem chegar em Porto Alegre entre os dias 15 e 16 de maio. São treze carretas com alimentos, fraldas, roupas de cama, colchões, produtos de limpeza, de higiene pessoal, medicamentos e água. O comboio também movimenta duas carretas com estação de tratamento de água e insumos para tratamento de água, um caminhão-tanque de água, um caminhão cisterna de combustível e cinco viaturas de apoio.
Rio de Janeiro
O Bar do Bosque, localizado dentro do Jockey Club, do Rio de Janeiro, também se organizou como ponto de recebimento de doações (foto acima. Crédito: Guilherme Boetger). Guilherme Boetger, proprietário da Cria Vinhos, novo empreendimento também localizado na capital carioca, encaminhou a informação a um dos grupos que participa. “Estou ajudando a separar as doações”, conta o empresário. Ele também está encaminhando endereços dos principais pontos de coleta na cidade e imagens dos donativos, incentivando todos a fazerem o mesmo.
Em Teresópolis, Rio de Janeiro, Rodrigo Feital, sócio-proprietário da Vinhos na Serra, ofereceu sua loja para o recebimento de doações (foto acima. Crédito: Rodrigo Feital). Ajudando a carregar um caminhão com água, ração, medicamentos e outros itens para o envio, ele conta: “Ainda estamos recebendo itens. Nesta semana e na próxima irão chegar mais caminhões”, adianta o organizador da iniciativa. Feital acredita que, mostrando os esforços que estão sendo feitos, mais pessoas podem se inspirar em ajudar: “Se a gente não mostrar que estamos recebendo donativos, como os outros irão saber?”, pondera.
Rondônia
Entre todos que estão unidos realizando boas ações, há iniciativas que preferem não ter seus nomes ou marcas citadas. Uma delas, que vale ser mencionada mesmo que anonimamente, foi encaminhada por Fabiano Valduga, da Adega Refinaria Terroirs do Brasil, de Bento – empresário que teve grandes perdas nesta cheia, e pela segunda vez, em menos de um ano. Valduga recebeu imagens que mostram uma empresa de água mineral em Rondônia que, em parceria com uma transportadora, está encaminhando 13 mil garrafas – mais de 28 mil litros de água no total – para o Rio Grande do Sul. Além disso, essa parceria trará mil colchões para o estado, doados por um grupo de empresários.
Espírito Santo
O engenheiro capixaba, Luiz Paulo de Oliveira Santos, compartilhou uma iniciativa em um posto famoso da região na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo (foto acima), no grupo de estudos sobre o vinho que participa. O posto Moby Dick, segundo ele, já participou de ações solidárias em outras oportunidades e no momento reúne de jovens a idosos, todos auxiliando a embalar, classificar itens e carregar os caminhões. “As pessoas também ajudam com o trânsito, porque o posto fica na saída de Vila Velha para Vitória, região de muito movimento. Os motoristas compreendem a situação e colaboram conosco”, relata o apreciador de vinhos.
São Paulo
Moradores do condomínio Domínio Marajoara se mobilizaram em uma arrecadação financeira que atingiu proporções inesperadas: “Nesse ritmo, acredito que vamos conseguir enviar cerca de 30 caminhões”, projeta Riad Kassem Sleima, carinhosamente conhecido por ‘Zaza’, organizador da iniciativa. Ele conta que o condomínio tem 2 mil moradores e é engajado em ações sociais. Desta vez, cerca de 40 toneladas de donativos foram encaminhadas até o momento. “É um grupo proativo para o bem”, comemora Zaza. “Realizamos mensalmente doações para pessoas carentes e moradores de rua. Mais da metade dos moradores está mobilizada pelo Rio Grande do Sul, e um deles tem uma transportadora e colocou oito caminhões nesta missão”, relata.
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