As premiações, além do reconhecimento, servem como uma ferramenta para aumentar a confiança dos consumidores nas vinícolas e, em muitos casos, abrir novos mercados, principalmente para os pequenos. Esta foi uma das afirmações de Daniela Zottis no Brasil de Vinhos REBECE. A enóloga destaca ainda que vinícolas menores enfrentam desafios no acesso ao mercado, especialmente por terem uma produção limitada, mas afirma que as premiações funcionam como um selo de qualidade, facilitando essa inserção. “As premiações permitem que as vinícolas validar seus produtos”, relata. “Os selos e medalhas mostram ao consumidor que os vinhos foram avaliados e aprovados por especialistas. Isso é fundamental para ganhar a confiança de quem ainda não conhece o trabalho”, resume. É a segunda participação de Daniela no Brasil de Vinhos RECEBE, em junho deste ano participou da série de entrevistas especiais que fizemos, com o foco na recuperação dos produtores após as enchentes de maio de 2024.
A importância das premiações e concursos foi o tema central da conversa. Mas a enóloga, proprietária da Casa Zottis Vinhos e Uvas, trouxe mais temas à discussão. Natural de Garibaldi e com longa experiência em vinícolas, como Casa Valduga, Perini e Bacardi Martini, Daniela é também engenheira de bioprocessos e biotecnologia e sommelière. Atualmente está à frente da Casa Zottis, empresa familiar localizada no Vale dos Vinhedos, onde administra a produção ao lado de seu marido, Juliano Zottis.
Na conversa Daniela relembra momentos importantes de sua trajetória, especialmente os desafios enfrentados nas primeiras participações em concursos de vinhos. “A primeira vez que a Casa Zottis participamou de um concurso foi na Expointer (uma das principais feiras do agronegócio do Brasil, realizada anualmente no Rio Grande do Sul) foi um marco. Decidimos de última hora enviar o Merlot 2020 sem grandes expectativas e fomos premiados com o primeiro lugar”, comemora. O episódio foi um divisor de águas para a vinícola, que começou a ganhar maior visibilidade no mercado local e nacional.
De lá para cá a Casa Zottis tem expandido sua atuação em concursos internacionais. Em 2022, o Merlot da vinícola foi premiado no concurso La Mujer Elige, realizado em Mendoza, na Argentina, disputa na qual Daniela participou como enóloga degustadora: “foi uma experiência enriquecedora tanto no aspecto profissional quanto no entendimento das tendências globais de avaliação de vinhos”. Além disso, a Casa Zottis também conquistou destaque no Brazil Wine Challenge e na Avaliação Nacional de Vinhos, entre outras competições.
Mas, quais os critérios que envolvem a participação em concursos? Daniela conta que cada um tem seu próprio regulamento e níveis de exigência, mas, em geral, a classificação é feita com base na safra e na tipicidade do vinho. Os rótulos são avaliados às cegas por especialistas e pontuados de acordo com aspectos técnicos como acidez, corpo e estrutura. “Esses concursos internacionais seguem uma padronização muito rigorosa, as notas são atribuídas por especialistas”.
Outro ponto abordado foi o impacto que as premiações geram não apenas nas vendas, mas também na projeção da vinícola. “Ganhar um prêmio muda a forma como o consumidor percebe o vinho. Isso agrega valor ao produto e o coloca em destaque frente a outros produtores. É uma vantagem competitiva importante, especialmente quando falamos de um mercado que está em constante evolução, como o brasileiro”, comenta.
E por falar no Brasil, Daniela menciona os vinhos produzidos a partir das uvas híbridas desenvolvidas pela Embrapa, como as BRS Bibiana e BRS Margot, que têm recebido reconhecimento em concursos nacionais. Essas uvas, além de serem mais resistentes às condições climáticas da região, vêm ganhando espaço nas vinícolas brasileiras e representando uma nova fase na viticultura do nosso país.
Para Daniela, é fundamenta que o Brasil continue se destacando não apenas nos espumantes, mas também nos vinhos tranquilos, mostrando a diversidade e a qualidade da produção nacional. “As premiações internacionais ajudam a colocar o Brasil no mapa do vinho. E a participação em concursos como Decanter permite mostrar que a nossa produção tem capacidade de competir com grandes mercados, como o europeu e o sul-americano”, afirma.
Mas para ganhar prêmios, é claro, o produto deve ser bom. Daniela relembra a importância de manter a qualidade e a consistência da produção, mesmo com o aumento da demanda. Para ela, a busca por excelência é constante, e as premiações são um reflexo desse compromisso.
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No dia 10 de outubro a conversa será com a cineasta Malu de Martino, diretora da série Vinhos.BR, para falar sobre as histórias e as estórias das vinícolas brasileiras.
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