Vocação: vinhateiro
Algumas palavras sobre quem faz o vinho que chega as nossas casas.
Cinco safras e 20 anos de história em uma degustação vertical
Por Lucia Porto
Mas como assim, 20 anos, se nossa sequência começa em 2012?
Na verdade começa há mais de duas décadas, nos Estados Unidos, quando o executivo Júlio Gostisa se deu conta que, para vender mais, teria de aprender sobre vinhos.
Então foi o que ele fez.
Funcionário de uma empresa com sedes pelo mundo, teve facilidade de unir trabalho e lazer e aprender sobre vinho com que faz vinho. Na França, na Itália e no Chile, por exemplo.
Então começou a gostar do brinquedo.
Viver fora do país era bom, confortável e tinha muitas perspectivas, mas já não era mais tão bom assim para a esposa, advogada que queria voltar para o Brasil e morar perto dos pais.
Então ele voltou.
Mas disse para Cristina: “só volto se puder ter uma vinícola”.
Então, em 2008, com o aval da esposa ele voltou. E se tornou sócio de uma vinícola.
Mas para para participar do dia-a-dia de uma vinícola, precisava aprender a fazer vinho. Como não sabia, deu um google, o que não deu muito certo. E como não deu muito certo, foi fazer um curso.
Novamente foi atrás de aprender sobre vinho com quem faz vinho.
Aqui, vejam bem, a história começa a ficar ainda mais interessante, e prova como o vinho une pessoas que têm uma paixão em comum.
Em um curso, Júlio conheceu Adriano Miolo, que o apresentou a Anthony Darricarrère, uruguaio de origem francesa: foi amor à primeira vista. Assim nascia uma amizade e a sociedade da dupla na Routhier e Darricarrère, com um belo vinhedo que havia sido plantado em 2002 por Pierre e Jean Daniel Darricarrèrre – pai e tio de Anthony – cercado por uma incrível plantação de laranjas em Rosário do Sul, na Campanha Gaúcha.
Nas andanças da vida, numa noite fria e chuvosa na qual saiu de casa impetuosamente e quase acabou comprando vidro por cristal, conheceu Gerson Radaelli, artista plástico e restaurateur do Atelier das Massas, em Porto Alegre. Não comprou o vidro nem o cristal, mas tomou um baita vinho pra compensar e de quebra ganhou um nome pra seu vinho ícone, o Salamanca do Jarau – do qual tivemos o privilégio de degustar 5 safras – 60 originais pintados por Radaelli para servir como rótulo, e um amigo para a vida toda.
Também não podia imaginar, mas além de um amigo ganhava o primeiro cliente da sua vinícola.
Vinícola que aliás, ainda não existia nem em sonho…
Pensando bem, 20 anos é pouco.
Nesse tempo Júlio e Anthony ainda trabalharam melhorando vinho de padres em Santa Maria, foram aconselhados por familiares experientes e tarimbados no mundo do vinho e compraram barricas para Jayme Monjardim pensando em fazer um vinho muito bom para a Villa Matarazzo, em São Paulo.
Então foram lá e fizeram.
Assim nasceu o Codename. O elemento surpresa de uma inesquecível degustação vertical de cinco safras do Salamanca do Jarau (2012, 2013, 2014, 2016 e 2018).
Ah, e sobre os vinhos degustados? Foram o acompanhamento perfeito para uma noite agradabilíssima.
Que venham mais 20 anos como estes.