A definição de suco de uva reconstituído, a revisão do padrão internacional de concursos de vinhos e bebidas espirituosas e a atualização da norma internacional para a rotulagem de bebidas espirituosas de origem vitivinícola foram algumas das resoluções aprovadas na assembleia geral da Organização Mundial da Uva e o Vinho. No total quatorze decisões foram anunciadas nesta sexta-feira, dia 20 de junho, após o encontro realizado durante o 46o Congresso Mundial da Vinha e do Vinho, realizado em Chișinău, na Moldávia. Os brasileiros Hugo Caruso, Vitor Campos de Oliveira e Fernanda Spinelli (foto abaixo) representaram o Brasil como delegados.
Com a definição de suco de uva reconstituído a bebida produzida no Brasil deu um importante passo na competição internacional, mas isso só foi possível após mais de sete anos de negociações que envolveram o setor produtivo, o poder público e comunidades científicas: “primeiro, o Codex Alimentarius aprovou, em 2024, a redução do teor mínimo de açúcar (Brix) para o suco de uva Vitis labrusca”, lembra Hugo Caruso, diretor da DIPOV/SDA/MAPA, “agora essa mesma alteração foi internalizada nas normas da OIV, consolidando o parâmetro de 14º Brix como um padrão aceito internacionalmente”, complementa, “com essa mudança, o Brasil passa a atender às exigências globais para exportar um produto fruto de um modelo de produção único, aumentando suas possibilidades de acesso a diferentes mercados”.
Caruso destaca ainda que esta designação será fundamental para ampliar o mercado consumidor do suco de uva brasileiro: “é importante destacar que o suco de uva Vitis labrusca é pouco conhecido no mundo, e que essa alteração abre uma porta para que a bebida seja apresentada a um maior número de consumidores, aumentando seu valor comercial”, comemora. “Esta conquista é fruto de um esforço coletivo que envolveu Mapa, Ministério das Relações Exteriores, Inmetro, Anvisa, Consevitis-RS, os produtores e a indústria — mostrando a importância da união para que o Brasil tenha voz nas negociações que afetam o futuro das exportações”, conclui. Com essa mudança, o suco de uva brasileiro se posiciona como um diferencial de qualidade, aumentando suas possibilidades nos mercados globais.
O 46o Congresso Mundial da Vinha e do Vinho reuniu mais de 400 especialistas: pesquisadores, enólogos, produtores e representantes do setor dos 51 países membros da Organização Internacional da Vinha e do Vinho. O congresso abordou temas como práticas vitivinícolas resilientes para ecossistemas sustentáveis, tecnologias adaptativas e inovadoras em enologia sustentável, e o impacto das emergências climáticas no setor, em um grande debate sobre o futuro da indústria vitivinícola global. A Moldávia, país com a maior densidade de vinhedos per capita, foi escolhida para sediar o evento graças à importância da região na produção de vinho.
Fernanda Spinelli, Susiane Leonardelli e Shana Flores (foto acima) foram as pesquisadoras responsáveis por apresentar nove diferentes trabalhos de pesquisadores brasileiros no evento, estudos focados em questões técnicas e físico-químicas e pesquisas que trazem outros olhares sobre Sustentabilidade para as Indicações Geográficas, e sugerem estratégias para vinícolas familiares, dos pontos de vista territoriais e comerciais.
Fotos: arquivo pessoal, Fernanda Spinelli. Foto de topo: delegação brasileira no evento, Vitor Campos, Fernanda Spinelli, Susiane Leonardelli, Shana Flores e Hugo Caruso.
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