Enoturismo virtual, isso existe?

Enoturismo virtual, isso existe?

Em um artigo publicado no site VINETUR, Javier Campo reflete sobre o Enoturismo virtual. A partir do ponto de vista do profissional catalão, fica a pergunta: quanto tempo levará para esta tendência chegar com força por aqui?

Confira abaixo nossa versão do texto. O original, em espanhol, pode ser lido clicando aqui.

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Enoturismo virtual, isso existe?

Bem, a verdade é que sim. Parece que tudo já foi inventado e o mais curioso é que quase nada no mundo do vinho ainda nos surpreende.

Javier Campo*

É verdade que continuamos a visitar a maioria das adegas de forma tradicional, com um anfitrião fisicamente mostrando as instalações, o vinhedo, oferecendo vinho para degustar e tirar nossas dúvidas.

Mas também é verdade que há vinícolas que optaram por visitas virtuais através de tela ou óculos de realidade virtual. Mas é um investimento alto, pois mapear tudo em 3D e transferir para a web não é possível do ponto de vista financeiro para todas as vinícolas – mas parece que vale a pena para algumas.

Não vamos pensar que isso só funcionou durante a pandemia. Na verdade, depois da Covid, muitas vinícolas optaram por este novo tipo de serviço de visita virtual. É verdade que existem diferenças entre as visitas e há adegas que se concentram mais em explicar o processo de vinificação ou mostrar as diferentes zonas onde se situam as vinhas a partir da vista de drone. Há também outras que cuidam muito bem do mapeamento, imagem e interação que pode existir na ‘visita’ através de vídeos ou áudios que acompanham ao clicar do mouse ou ao virar a cabeça em movimentos nem tão sutis enquanto se está sentado em uma cadeira em frente ao computador da sala de estar

Alguns de nós podem pensar que a questão da degustação de vinhos se perde desta forma, mas não é o caso. Há vinícolas que enviam um pequeno kit com diversas pequenas amostras para experimentar de acordo com as instruções do seu assistente virtual – geralmente um vídeo explicativo ou um pop-up na tela.

Não só as vinícolas optaram por este sistema, mas algumas Denominações de Origem também investiram em roteiros virtuais. Na verdade, existe um nicho de mercado muito importante por trás deste tema, uma vez que plataformas dedicadas ao vinho ou mesmo organizações promovem seminários para incentivar a implementação da visita virtual.

Mas há ainda muitas vinícolas que resistem a ter redes sociais ou site e que fazem as coisas do seu jeito. Para estas vale mais o aperto de mão, a sensação da pele marcada pelo trabalho no campo, no vinhedo, o cheiro da cantina, o vento no rosto e a sensação de beber o vinho, que é algo vivo.

*  Javier Campo é sommelier e Escritor de Vinhos. Atua como consultor de alimentos e bebidas. Faz parte da Associação Catalã de Sommeliers e da Associação Espanhola de Jornalistas e Escritores de Vinho, entre outras associações. Foi como professor sommelier em universidades e em diversos centros públicos e privados. Com um extenso currículo no mundo do vinho e da gastronomia, tem participado como júri em vários concursos nacionais e internacionais. É autor do livro “El Arte del Maridaje” (2020, Editorial Círculo Rojo).

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