Espumantes brasileiros degustados pelo Master of Wine Konstantin Baum

Espumantes brasileiros degustados pelo Master of Wine Konstantin Baum

Em fevereiro deste ano Konstantin Baum degustou diversos vinhos brasileiros, todos eles de vinícolas da Serra Gaúcha: Espumante brut, da Don Guerino; Espumante brut rosé, da Salton; Chardonnay, da Vinhas do Tempo; Semillon, da Pizzato; Lote 43, da Miolo; Reserva tinto, Pedrucci e Grande Vindima Quórum 2013, da Lidio Carrarro. O que ele conheceu naquele momento chamou sua atenção e foi ali também que descobriu que o Brasil é o maior produtor de espumantes da América Latina.

Agora o Master of Wine mais uma vez dedica um episódio de seu podcast ao Brasil, degustando apenas espumantes. Ao final do programa, destacou “produtos diferentes e interessantes”, como os cortes Insólito, da Foppa&Ambrosi, e o Nature rosé Cerro da Cruz, da NOVA Vinhos e Espumantes. Do ponto de vista mais tradicional evidenciou o Vintage Barriqué 2023, da Casa Perini, e o Íride, da Miolo: “o mais antigo espumante brasileiro que já provei, e está inteiro”, comenta. Diz ainda que considera que os espumantes são os vinhos mais capazes de envelhecer bem, muito em função do gás carbônico. “Quero coisas diferentes”, diz, “não quero que todos os espumantes, em diferentes lugares do mundo, tenham o mesmo gosto de Champagne”, explica.

Por e-mail, Konstantin detalhou: “fiquei realmente impressionado com alguns vinhos, especialmente aqueles com identidade clara e que também apresentavam diferentes variedades de uva, como Riesling Itálico e Tannat”, explicou, “também houve algumas expressões mais clássicas que tiveram um desempenho muito bom”. Por outro lado, diz ele, “estilos com mais álcool e menor acidez eram mais desafiadores e, no fim das contas, menos empolgantes”.

A degustação online

Misto de análise sensorial com história das regiões, os vídeos de Konstantin são muito agradáveis e fáceis de acompanhar. “A produção de vinhos é verdadeiramente global”, diz, em seu canal de YouTube, “você pode encontrar vinhedos e garrafas de vinho em lugares onde você não esperaria: e um destes lugares é o Brasil”.

Nós, brasileiros e brasileiras, podemos não concordar com a expressão ‘um dos lugares onde você não esperaria’, mas é uma percepção externa que temos de respeitar – e trabalhar para mudar isso.

Konstantin apresenta a degustação se dirigindo provavelmente a um público europeu: “muitos de nós associam o país mais com café do que com Chardonnay”. Mas demonstra conhecimento do mercado de vinho brasileiro quando aponta que 90% da produção está concentrada no Rio Grande do Sul: “perto do Uruguai e da Argentina”, contextualiza, para ambientar seus seguidores estrangeiros.

O Master of Wine volta nas origens do vinho no Brasil, remontando ao século XVI e salienta as dificuldades que o país enfrenta com o clima quente e úmido, principalmente quando o assunto são as variedades vitis vinifera: “por isso as híbridas têm um papel tão significativo na indústria brasileira”, diz.

Aprender abrindo garrafas

Antes de começar degustação, Konstantin faz uma afirmação que pode seu usada também como uma aula: “devo confessar que não sei muito sobre vinho brasileiro e sobre estas vinícolas, mas vinho é exatamente sobre isso: mergulhar no desconhecido e aprender, e a única forma de aprender é abrindo garrafas”, afirma.

Os rótulos degustados e a pontuação atribuída a eles

Konstantin degustou vinhos de seis vinícolas diferentes, todas com sede na Serra Gaúcha, mas com uvas vindas também de Encruzilhada do Sul e da Campanha Gaúcha. Nenhum dos rótulos escolhidos – provavelmente recebidos – pelo degustador é da região de Altos de Pinto Bandeira, única Denominação de Origem exclusiva para espumantes do Novo Mundo.

Lidio Carraro – Nature                                  83

Casa Pedrucci – Millésime 2021                     84

Foppa&Ambrosi – Insólito                             90

Vita Eterna – Nature                                     80

Casa Perini – Vintage Barriqué 2023               90

Miolo – Íride                                                91

NOVA Vinhos e Espumantes – Cerro da Cruz Nature rosé           87

 

De forma didática, divertida e um tanto quanto irônica, o Master of Wine faz comentários, elogia, critica, aponta caminhos e destaca seus favoritos.

Questiona a cor da garrafa, brinca com a embalagem de um dos rótulos degustados e demonstra curiosidade no uso da Tannat e da Riesling itálico nos cortes: “deve ser um grande hit no Brasil”, diz. Ironiza a onipresença de James Suckling: “esse cara está em todos os lugares” e assegura não conhecer o Guia Descorchados.

Ao final diz que foi uma experiência divertida provar estes vinhos e conhecer um pouco do espumante brasileiro, e recomenda que quem queira aprender sobre regiões que não conhece faça isso: “prove, escolha vinhos diferentes e tente criar suas referências de como são os vinhos daquele local”, aconselha.

A partir do que degustou, Konstantin, diz: “tem muito espumante de qualidade, mas também mas também há alguns menos interessantes, mas ‘chatos’”, pondera. Finaliza afirmando que quer aprender mais sobre os espumantes brasileiros e quem sabe um dia vir ao Brasil conhecer estas vinícolas “com seus próprios olhos”.

 

Imagem: reproduções YouTube (topo), internet (Lidio Carraro e Vita Eterna) e dilvulgação vinícolas.

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