(english version below)
Entender as dinâmicas do mercado vitivinícola global pode ser um desafio, mas Giorgio Delgrosso, chefe de estatística da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), conseguiu simplificar esta tarefa. Durante uma palestra transmitida pelo canal da Associação Brasileira de Enologia (ABE) no YouTube, conduzida inteiramente em italiano, o profissional apresentou dados sobre desafios e tendências globais acompanhado de reflexões, e acima de tudo, como elas impactam o Brasil.
Delgrosso coordena atividades de estatística e análises econômicas que integram as publicações da organização, além de supervisionar projetos voltados à inovação e digitalização no setor vitivinícola. Antes disso, atuou como consultor para diversas agências das Nações Unidas. Sua formação inclui dois títulos de Mestrado, um em Economia e outro em Comércio e Finanças Internacionais.
A OIV conta com 51 países membros, sendo o Brasil um deles. “É um dos nossos Estados mais ativos, e pode contar com especialistas de altíssimo nível”, afirmou. Segundo os dados apresentados, o país ocupa o 14º lugar entre os maiores mercados consumidores de vinho do mundo, mas ainda há espaço para expansão: ”a população do Brasil é muito grande, trazendo um potencial de crescimento muito forte”.
Ao abordar a produção de vinho em 2024, Delgrosso destaca que apesar dos volumes historicamente baixos registrados no Hemisfério Sul, o Brasil atingiu uma estimativa de 2,7 milhões de hectolitros. “Embora tenha enfrentado condições climáticas adversas, como geadas e chuvas intensas na primavera, o Brasil conseguiu manter sua produção, mesmo sob desafios significativos”, afirma.
No consumo, o Brasil ocupa o décimo lugar entre os maiores mercados de vinhos tintos do mundo, destaque fora da União Europeia. “As boas notícias vêm de grandes mercados como Brasil, Rússia, Estados Unidos e China, que mostram potencial para crescimento”, afirmou Delgrosso. Além disso, pontua o aumento do consumo de espumantes no país, que se alinha à tendência global de torná-los parte do dia a dia, impulsionada pelo chamado “efeito Prosecco”.
“Houve, digamos, uma separação do consumo de espumantes dos momentos festivos, e eles começaram a ser introduzidos como vinho para aperitivos, como vinho do dia a dia”, complementa. E esse movimento reflete a democratização dos espumantes, que deixaram de ser um produto restrito, principalmente por causa do nicho do Champagne.
Mas para além das tendências de consumo, Giorgio Delgrosso também expõe sobre um tema que tem feito parte da vida dos produtores, e muitas vezes cercado de dúvidas: tecnologias digitais e a inteligência artificial. Para o chefe de estatísticas da OIV, o aperfeiçoamento das análises e a personalização da experiência do cliente podem transformar o setor. “Com o uso de dados, é possível entender melhor o consumidor, suas preferências, e até personalizar recomendações de vinhos”, explica.
Além disso, algumas ferramentas como realidade aumentada e QR codes já permitem visitas virtuais a vinícolas, atraindo novas gerações e fortalecendo o interesse pela área. Segundo Giorgio, a transparência e a rastreabilidade de todo o processo “do cacho à taça” são fatores cada vez mais valorizados pelos consumidores, especialmente os jovens.
Foto: divulgação ABE
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Giorgio Delgrosso says the growth potential for wine in Brazil is very strong
Understanding the dynamics of the global wine market can be a challenge, but Giorgio Delgrosso, head of statistics at the International Organization of Vine and Wine (OIV), has managed to simplify this task. During a lecture broadcast on the Associação Brasileira de Enologia (ABE) YouTube channel, conducted entirely in Italian, the professional presented data on global challenges and trends, accompanied by reflections, and above all, how they impact Brazil.
Delgrosso coordinates statistical activities and economic analyses that are part of the organization’s publications, in addition to supervising projects focused on innovation and digitalization in the wine sector. Before that, he worked as a consultant for several United Nations agencies. His education includes two Master’s degrees, one in Economics and the other in International Trade and Finance.
The OIV has 51 member countries, Brazil being one of them. “It is one of our most active states, and can count on top-level specialists,” he said. According to the data presented, the country ranks 14th among the largest wine-consuming markets in the world, but there is still room for expansion: “Brazil’s population is very large, bringing very strong growth potential”.
When addressing wine production in 2024, Delgrosso highlights that despite the historically low volumes recorded in the Southern Hemisphere, Brazil reached an estimated 2.7 million hectoliters. “Although it faced adverse weather conditions, such as frost and heavy rains in the spring, Brazil managed to maintain its production, even under significant challenges”, he states.
In terms of consumption, Brazil ranks tenth among the largest red wine markets in the world, standing out outside the European Union. “The good news comes from large markets such as Brazil, Russia, the United States and China, which show potential for growth”, stated Delgrosso. In addition, he points out the increase in sparkling wine consumption in the country, which is in line with the global trend of making them part of everyday life, driven by the so-called “Prosecco effect”.
“There was, let’s say, a separation of sparkling wine consumption from festive occasions, and they began to be introduced as aperitif wine, as an everyday wine,” he adds. And this movement reflects the democratization of sparkling wines, which are no longer a restricted product, mainly due to the Champagne niche.
But beyond consumer trends, Giorgio Delgrosso also talks about a topic that has been part of producers’ lives and often surrounded by doubts: digital technologies and artificial intelligence. For the OIV’s head of statistics, improving analyses and personalizing the customer experience can transform the sector. “With the use of data, it is possible to better understand the consumer, their preferences, and even personalize wine recommendations,” he explains.
In addition, some tools such as augmented reality and QR codes already allow virtual visits to wineries, attracting new generations and strengthening interest in the area. According to Giorgio, transparency and traceability of the entire process “from bunch to glass” are factors increasingly valued by consumers, especially young people.
Photo: ABE
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