Inconfidência, a pioneira 

Inconfidência, a pioneira 

Foi em 2010 que José Cláudio Aranha começou a tirar do papel a ideia de criar uma vinícola, uma vontade que ele recorda surgiu em meados de 2008 ou 2009, “quando o Murillo Regina, o pesquisador que desenvolveu a Dupla Poda, esteve aqui na região”, conta. E ele lembra também que em 2018, até começar a construir a cantina, a Inconfidência era a única vinícola da região: “não sei qual foi o start que a cantina deu por aqui, mas o fato é que hoje há mais de 38 pessoas plantando uvas de Friburgo até Petrópolis, de São José do Vale do Preto até Paty do Alferes”, relata. 

No ano de 2010, Aranha fez o plantio das primeiras 8 mil plantas de Syrah em uma área de 2 hectares. Esperou 4 anos e então implantou mais varidades: a área cultivada passou de 2 para 8 hectares e a Inconfidência passou a ter um vinhedo com Syrah, Cabernet Franc, Merlot, Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc. De lá para cá novas castas foram plantadas e hoje há parcelas também de Sauvignon Gris, Viognier, Petit Verdot, Malbec, Montepulciano, Sangiovese e algumas tentativas com Nero D’Avola. 

Até ter a cantina pronta para operar, Aranha passava por processos que ainda são comuns a muitos produtores: realizar a colheita na madrugada e transportar as uvas muito cedo, muitas vezes por longas distâncias, para evitar o calor e o consequente início de fermentação. No caso da Inconfidência as caixas colhidas em Paraíba do Sul viajavam cerca de 500 quilômetros até chegarem em Caldas (MG), onde eram vinificadas na EPAMIG pela enóloga Isabela Peregrino, integrante da equipe de Murillo Regina. Desde que a cantina ficou pronta Mario Lucas Ieggli passou a ser responsável pela enologia da vinícola. 

Atualmente além de vinificar seu vinho a partir das uvas que cultiva na propriedade, a Inconfidência também presta serviços para terceiros: “apesar do crescimento das vinícolas na região ainda há poucas cantinas em operação”, explica. Quando visitamos a Serra Fluminense, em agosto de 2025, havia, além da Inconfidência apenas outras três estruturas em operação constante: nas vinícolas Terras Frias, Arouca e Tassinari. Além disso a Maturano havia acabado de fazer a sua primeira vinificação na sede, em Teresópolis. 

A Mata Atlântica  

“A grande diferença de temperatura entre dias e noites traz muitos benefícios aos nossos vinhos”, explica o produtor, “traz mais polifenóis, mais aromas, mais sabores, exalta mais a cor rubra”, comemora. A fazenda sede da vinícola está localizada em uma altitude de 650 metros de altura, com vinhedos em até 690 metros. 

Se a amplitude térmica de quase 20 graus e o ambiente agradável proporcionado pela exuberante Mata Atlântica – parte do clima tropical de altitude que cobre 85% da área de 100 hectares da fazenda, são fatos muito positivos advindos da natureza – nem tudo é perfeito: na calada da noite, mas não necessariamente apenas quando escurece, bandos de quatis e alcateias de lobos-guarás podem ser encontrados ‘petiscando’ nas fileiras dos vinhedos. Ademais, é comum ver redes em quase todas as videiras, pois os belos pássaros da região são predadores natos.  

A Inconfidência tem em seu portfolio atualmente 10 diferentes rótulos, e a cada safra produz um total de aproximadamente 11 mil garrafas, em sua maioria comercializadas em restaurantes do Rio de Janeiro e região. 

 

O Brasil de Vinhos viajou a convite do Consevitis-RS e do Sebrae 

Acompanhe a cobertura do Brasil de Vinhos na Serra Fluminense 

O Rio de Janeiro continua lindo – e agora ainda produz vinhos! 

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Fotos: Siderlei Ditadi e Brasil de Vinhos | Lucia Porto  

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