Para estar a frente de uma associação, de uma entidade, de um grupo de pessoas unidas em busca de um objetivo comum, é necessário ser alguém que se destaque. E esse destaque não precisa ser necessariamente por feitos extraordinários, talentos fora do comum, características muito além das que estamos acostumados em nosso dia a dia. Basta ser alguém que tenha o aval de seus pares, seja ponderado, saiba se expressar, mas mais do que isso, saiba ouvir. E ouvir, sim, é um dos atributos marcantes de Mario Lucas Ieggli, que assume a cadeira de presidente da Associação Brasileira de Enologia pelos próximos dois anos.
Na trajetória do enólogo de 37 anos que assume a função no lugar de Ricardo Morari, já há uma boa experiência como representante da ABE em diversos concursos nacionais e internacionais. Seja participando como degustador ou como presidente de mesa, eventos realizados no Brasil, Argentina, Chile, Portugal e Itália fazem parte do currículo de Ieggli. E ouvir é uma das principais qualidades de quem degusta, seja como participante, seja como líder de mesa.
CONFIRA OS NOMES DA NOVA DIRETORIA DA ABE
Presidente – Mario Lucas Ieggli
Vice-presidente – Michel Zignani
1º tesoureiro – Dario Crespi
2º tesoureiro – Christian Bernardi
1a secretária – Paula Schenato
2o secretário – Gilson Berselli
Diretor social – Cristhian Ambrosi
Diretores de eventos – André Peres Jr. e Moisés Brandelli
Diretores de degustação – Valter Joel Ferrari e Daniel de Siqueira Ferreira
Diretora cultural – Vanessa Stefani
Diretores técnicos em viticultura – Fernanda Spinelli e Bruno Motter
Diretores técnicos em enologia – Ricardo Morari e Vagner de Vargas Marchi
Formado pelo Instituto Federal de Bento Gonçalves (RS), o enólogo divide seu tempo entre as Serras gaúcha, fluminense e da Mantiqueira: no Rio Grande do Sul é sócio-diretor da Bodega Czarnobay; no Rio de Janeiro é enólogo responsável pelas vinícolas Inconfidência, Tassinari e Família Eloy, e em Minas Gerais, pelas vinícolas Quinta do Campo Alegre e Quinta da Matriculada, além da Associação dos viticultores e olivicultores do vale do Jequitinhonha.
Apesar de ainda não ter liderado nenhuma Instituição com o porte da ABE, Ieggli está tranquilo com suas novas responsabilidades: “a ABE prepara o vice para assumir a presidência na próxima gestão, assim foi em praticamente todas as anteriores. Isso dá um pouco mais de segurança a quem vai assumir”.
A ABE, de acordo com seu novo presidente, está em um “excelente estado de evolução e renovação”. Ieggli pretende focar na continuidade do trabalho, mas sempre em busca de melhora: “queremos a excelência não apenas na Avaliação Nacional de Vinhos, mas em todos os eventos realizados pela ABE”, garante.
E o vinho brasileiro, claro, está sempre na pauta da entidade que leva Brasil no nome. Na programação da ANV, por exemplo, é sempre destaque a procura por eventos paralelos que valorizem o vinho produzido aqui, principalmente com foco nos participantes internacionais. Na edição 2024 da ANV isso não foi diferente: “uma das ações que realizamos neste ano com os degustadores foi a realização de uma visita e degustação nas regiões que tem Denominação de Origem e Indicação de Procedência, isto é algo que temos que continuar e talvez ampliar, para termos uma divulgação ainda mais abrangente de nossos terroirs”.
Entre os grandes desafios que a entidade terá pela frente, o enólogo aponta a valorização da profissão como um dos principais. “O reconhecimento da profissão vem aumentando a cada ano, a maioria dos consumidores e enófilos quer saber quem está por trás de cada rótulo”, diz. Mas a falta da regulamentação profissional ainda é um entrave: “vamos continuar a batalha para a regulamentação da profissão”, assegura. “Mesmo não tendo a profissão regulamentada o respeito por esse ofício é enorme dentro do setor”.
Entre os objetivos práticos, Ieggli aponta melhorar a aproximação do associado com a Instituição, manter as degustações, palestras e cursos – e tentar realizá-los com valores mais acessíveis. “Esse é um ponto difícil”, diz ele, “mas vamos tentar”.
Se no passado Ieggli trabalhou como militar e também prestando serviços de serigrafia, talvez disso ele já nem lembre muito. Mas recorda muito bem de como começou sua paixão pelo vinho: no ano 2008 foi apresentado ao mundo da Enologia pelo sogro, Antonio Czarnobay – um pioneiro, um enólogo inspirador que dispensa comentários.
Casado com Carolina e pai de Gabriela, nas horas vagas – quando dá, diz ele – o torcedor do Grêmio gosta de jogar bola, vídeo game e frequentar a academia. ”Mas isso está cada vez mais raro”, relata. O tempo livre, por exemplo, é recheado também de estudos, como confirma o livro de cabeceira, ‘Desbravando vinhos e vinhedos’, um grande compilado de viticultura e enologia, obra de Edegar Scortegagna e André Mallmann.
A leitura é das melhores coisas da vida, e sempre é bom se estar bem preparado para todos os desafios que teremos pela frente. Um dos grandes desafios que terá o presidente que assume em janeiro de 2025, será representar ‘a altura’ os seus colegas enólogos. “Podem confiar que manteremos o alto nível e buscaremos sempre o melhor para a Instituição”.
Boa sorte nessa jornada, senhor presidente.
Fotos: arquivo pessoal Mario Lucas Ieggli
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