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Quinhentas e quatro garrafas do espumante Miolo Cuvée, da vinícola Miolo, ficaram repousando por um ano a 60 metros de profundidade no mar da Bretanha, na França. O local onde as garrafas ficaram envelhecendo de outubro de 2016 a novembro de 2017 – ilha de Ouessant, na região conhecida como Baie du Stiff – foi escolhido por algumas características, como aponta Denis Drouin: “neste trecho há escuridão total, temperatura constante entre 10° C e 14° C, proteção contra ondulação forte e alta pressão da água”, explica o presidente da Amphoris, empresa especializada neste tipo de trabalho, responsável pela guarda das garrafas nas profundezas do mar.
Agora, depois de doze meses submersas e após esse período de mais 10 anos de guarda nas caves da vinícola, no Vale dos Vinhedos, chega ao mercado o Miolo Under the Sea safra 2014, que vem em um formato condizente com o local onde estava: a garrafa é protegida por uma embalagem especial que retrata uma lente de farol. O espumante de tiragem limitada já está no mercado ao preço de R$ 3,5 mil a unidade.
Esta forma inusitada de envelhecer o vinho escolhida pela vinícola era uma prática comum na Europa e passou a ser utilizada a partir de tesouros encontrados nas profundezas do mar em navios naufragados. A ideia surgiu para marcar um momento importante: em 2016, o Miolo Wine Group bateu a marca de exportação de 100 mil garrafas do Miolo Cuvée, sendo que 10 mil delas foram vendidas somente na Soif D’ailleurs, em Paris, uma loja especializada em vinhos estrangeiros.
A importância do Cuvée para a Miolo é significativa. Quem conduziu a degustação comemorativa da bebida na embaixada brasileira em Paris em 2016 foi Steven Spurrier (foto acima). Pra quem não associa o nome à pessoa, Spurrier é o jornalista inglês que em 1976 organizou a mais famosa degustação às cegas do mundo, conhecida como Julgamento de Paris, um evento que revolucionou o mercado do vinho e botou de vez a Califórnia na rota mundial da bebida.
A operação em alto mar conduzida pela Amphoris manteve as garrafas em escuridão total, temperatura constante e plena segurança diante de correntes oceânicas moderadas, sem conflito com atividades em alto-mar. E garantiu também um efeito nas características do vinho, mas nisso Drouin prefere não arriscar o palpite: “é melhor você perguntar a Miolo”, diz, ”pois cada vinho envelhece de forma diferente, mesmo debaixo d’água”, completa. Mas Adriano Miolo opta por não falar da análise sensorial do produto: “degustá-lo é uma experiência única que vai além do ritual da degustação usual”, afirma.
O enólogo diz também que desta forma o envelhecimento se dá em condições perfeitas: “em alguns navios naufragados de centenas de anos se encontram produtos degustáveis, digamos, que ainda dá para beber”, avalia. “Este trabalho é baseado nisso, no ponto de vista de encontrar condições de uma adega perfeita para conservar espumante e vinho”, resume.
“O Under the Sea é um espumante aspiracional”, diz o diretor superintendente do Miolo Wine Group, “mescla características do terroir do Vale dos Vinhedos acentuadas pelas condições apresentadas no fundo do mar. Mas para descobrir é necessário abrir a garrafa e degustar, um ato que requer curiosidade”, complementa.
O Miolo Cuvée Under The Sea não será o único da vinícola com estas, digamos, características marítimas, outros dois lotes já foram imersos no mesmo local: são 140 garrafas de brut rosé, também de 2014, e mais 350 unidades, de 2016. Todos devem ser lançados depois de completarem 10 anos de guardas nas caves do Vale dos Vinhedos.
Imagens: divulgação Miolo e Emerson Ribeiro
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Five hundred and four bottles of the sparkling wine Miolo Cuvée, from the Miolo winery, Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, Brasil, were resting for a year at a depth of 60 meters in the sea of Brittany, in France.
The place where the bottles were aged from October 2016 to November 2017 – the island of Ouessant, in the region known as Baie du Stiff – was chosen for some characteristics, as Denis Drouin points out: “in this stretch there is total darkness, constant temperature between 10°C and 14°C, protection against strong waves and high-water pressure“, explains the president of Amphoris, a company specialized in this type of work, responsible for storing the bottles in the depths of the sea. Now, after twelve months submerged and after this period of more than 10 years of storage in the winery‘s cellars, in Vale dos Vinhedos, the Miolo Under the Sea 2014 vintage arrives on the market, which comes in a format consistent with the place where it was: the bottle is protected by a special packaging that portrays a headlight lens. The limited–run sparkling wine is already on the market at a price of R$ 3.5 thousand per unit.
This unusual way of aging the wine chosen by the winery was a common practice in Europe and began to be used from treasures found in the depths of the sea in shipwrecks. The idea came up to mark an important moment: in 2016, Miolo Wine Group beat the export mark of 100 thousand bottles of Miolo Cuvée, 10 thousand of which were sold only at Soif D‘ailleurs, in Paris, a store specializing in foreign wines.
The importance of Cuvée for Miolo is significant. Who conducted the commemorative tasting of the drink at the Brazilian embassy in Paris in 2016 was Steven Spurrier. For those who don‘t associate the name with the person, Spurrier is the English journalist who in 1976 organized the most famous blind tasting in the world, known as the Judgment of Paris, an event that revolutionized the wine market and put California on the world route of the drink.
The offshore operation conducted by Amphoris kept the bottles in total darkness, constant temperature and full safety in the face of moderate ocean currents, without conflict with offshore activities. And it also guaranteed an effect on the characteristics of the wine, but in this Drouin prefers not to risk a guess: “you better ask Miolo“, he says, “because each wine ages differently, even underwater“, he adds. But Adriano Miolo chooses not to talk about the sensory analysis of the product: “tasting it is a unique experience that goes beyond the usual tasting ritual“, he says.
The winemaker also says that in this way aging takes place in perfect conditions: “in some sunken ships that are hundreds of years old, you can find delicious products that can still be tasted”, he says. “This work is based on this, from the point of view of finding conditions for a perfect cellar to preserve sparkling and still wine”.
“Under the Sea is an aspirational sparkling wine“, says the managing director of Miolo Wine Group, “it mixes characteristics of the terroir of Vale dos Vinhedos accentuated by the conditions presented at the bottom of the sea. But to find out it is necessary to open the bottle and taste, an act that requires curiosity“, he adds.
Miolo Cuvée Under The Sea will not be the only one in the winery with these, let‘s say, maritime characteristics, two other batches have already been immersed in the same place: there are 140 bottles of brut rosé, also from 2014, and another 350 units, from 2016. All should be released after completing 10 years of guarding in the cellars of Vale dos Vinhedos.
Images: courtesy of Miolo and Emerson Ribeiro
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