A falta de dados, informações dispersas em diversas fontes ou mesmo desatualizadas sempre foram um problema para o setor vitivinícola brasileiro. E não é um exagero isso: questione a quantidade de uvas cultivadas no Brasil, as variedades mais plantadas, as áreas ocupadas. Procure saber qual a área total de vinhedos, a área colhida, o valor financeiro desta produção. Sabes a quantidade de vinho que exportamos? Para onde, quais estilos que são mais procurados? Dados transformados em informações que são fundamentais para a indústria do vinho e que agora, finalmente, estarão concentrados em apenas um local.
Esta é a ideia do Observatório Vitivinícola, um conjunto de informações relacionadas ao complexo da uva e de seus derivados em uma única plataforma, concebido pelo Consevitis, em virtude da demanda do setor. A plataforma traz informações de produção, importação e exportação, crédito rural, comercialização do Rio Grande do Sul, legislação, estudos, notícias e pesquisas setoriais relevantes. O desenvolvimento do Observatório Vitivinícola, contratado a partir recursos do Fundovitis em maio de 2023, foi realizado pela empresa Hauschild & Rösler Consultores, sob a coordenação de Omar Francisco Rösler.
Foi pouco mais de um ano de trabalho entre a contratação e a apresentação da plataforma, em agosto de 2024, desenvolvimento que teve na equipe principal um economista, um engenheiro agrônomo, um estatístico, um contador e um jornalista, todos com experiência no setor vitivinícola do Rio Grande do Sul. Além destes, pelo menos mais quatro arquitetos de software participaram do desenvolvimento da parte técnica do Observatório.
“Os dados principais, brutos, foram extraídos da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, do Banco Central do Brasil, do IBGE, do Ministério do Trabalho e Emprego, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, do Governo Federal e da ONU”, pontua Rösler.
O coordenador explica ainda que a plataforma será atualizada automaticamente, por meio de APIs – interfaces de programação de aplicativos que permitem que os programas de software se comuniquem entre si enviando e recebendo chamadas ou solicitações de informações, tudo de forma automática e normalmente em tempo real. Eduardo Piaia, diretor executivo do Consevitis, relata que, além da interface automática, haverá também uma manutenção personalizada feita por um representante do Instituto: “alguém que periodicamente vá lançando informações novas, projetos, estudos, legislações e outras atualizações que vão surgindo”, diz. “A cada três meses vamos entendendo e realizando esse processo, ou seja: uma parte da plataforma será atualizada automaticamente, outra parte não”
A plataforma
Dividida em nove tópicos, produção, importação e exportação, crédito rural, previsão climática, legislação, estudos e pesquisas, notícias, dados brutos e meteorologia, o Observatório Vitivinícola parece ser uma ferramenta de grande auxílio para o setor. Cada um dos tópicos está detalhado com dados brutos fornecidos pelos órgãos responsáveis pelas suas análises.
Na home, por exemplo, há informações sobre as quantidades de uvas produzidas, área total dos parreirais e área dotal das propriedades, divididas por estados e regiões, um levantamento bem completo, mas com dados consolidados em 2021.
A cada tópico há bons números do setor, informações relevantes para os mais diferentes negócios que envolvam uva, vinho, produtos ou serviços afins. O problema parece estar mesmo na atualização destes dados, que vêm de diferentes locais. “As informações estatísticas são sempre as últimas fornecidas oficialmente pelas fontes’, reforça Rösler.
Organizar e sistematizar as informações do setor vinho brasileiro – gaúcho, em sua maior parte – era algo há muito buscado não apenas pelas entidades, mas também pela Indústria e representantes do Mercado do vinho. “Era muito importante centralizar e ter um lugar onde pudéssemos concentrar as informações”, diz o gerente executivo do Consevitis. “E cada órgão tinha o seu trabalho e foco. Agora com o Observatório queremos ser mais rápidos e ágeis, será algo em constante transformação. Em posse destas informações poderemos entender melhor o setor, pensar estratégias e crescer como grupo”, finaliza Piaia.
Imagens: reprodução Observatório Vitivinícola
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