Rio Grande do Sul debaixo d’água

Rio Grande do Sul debaixo d’água

A calamidade pública está instalada no Rio Grande do Sul. No final da tarde de domingo já eram 341 municípios afetados, um número três vezes maior que a chuva que causou grande destruição em setembro de 2023. Os números até então confirmados mais do que impressionar, assombram: são mais de 15 mil pessoas em abrigos, mais de 80 mil desalojados, 155 feridos, 100 desaparecidos, mais de 800 mil atingidos.

E já 78 mortos de acordo com a Defesa Civil do RS.

Entre os dias 24 de abril e 5 de maio choveu no estado, em média 420 mm acumulados, o equivalente a três meses.

Há quase 200 pontos de bloqueios nas estradas gaúchas, o aeroporto internacional Salgado Filho está fechado, pelo menos até quarta-feira (08), há quebras e paralisações na produção e na indústria: é uma questão de tempo para termos reflexos nos empregos.

No lago Guaíba, que banha Porto Alegre, a medição atingiu a altura de 5,35 metros – em 1941, na grande enchente que devastou a capital gaúcha, o Guaíba chegou a 4,76 metros.

A cidade teve diversos bairros atingidos e até o início da noite deste domingo (05) ainda há centenas de milhares de pessoas sem luz e sem água – no caso da água 82,7% dos moradores da cidade mais especificamente. Na região metropolitana, municípios como Guaíba, Eldorado e Canoas até agora talvez tenham sido os mais prejudicados – até agora porque isso muda, a cada minuto.

Na região do vinho, Bento Gonçalves, Cotiporã, Feliz, Garibaldi, Flores da Cunha, Nova Pádua, Pinto Bandeira, Carlos Barbosa, Barão, Gramado, Canela, Santa Tereza: pense numa cidade e ela estará nessa lista.

Na região central do estado, aviões da Força Aérea Brasileira fizeram centenas de resgastes em Santa Maria; no Vale do Taquari, Lajeado, Estrela, Encantado, Arroio do Meio, Putinga, Muçum, Roca Sales voltaram a ser atingidos, nem tiveram tempo de recuperação depois de todos os prejuízos de setembro de 2023.

Uma legião de voluntários tomou as ruas, as águas, os mercados e passou a coordenar os resgates usando barcos, jet skis, lanchas, jipes, grandes camionetes e caminhões para entregar mantimentos em locais de difícil acesso. Precisaram também desviar de roubos e saques – como alguém pensa em roubar quem ajuda? Em saquear lojas fechadas para garantir a segurança de quem trabalha lá? Quem são essas pessoas?

Na entrevista coletiva realizada no domingo (05), no final da manhã, com a presença do presidente Lula, do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo – que saiu às pressas em função de uma emergência no dique de contenção que extravasou bairro Sarandi, na capital gaúcha – e de uma série de ministros e representantes do governo federal, o governador Eduardo Leite apresentou os dados e foi contundente no pedido por verbas federais e corte de burocracias para o socorro do estado ao presidente. Lula ouviu, assentiu com a cabeça e concordou. Agora vamos ficar atentos e cobrar: o Rio Grande do Sul precisa.

Foto: vista aérea de Porto Alegre | Ricardo Stuckert/PR – EBC

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