Tradição, família, histórias e vinhos de qualidade, claro. A segunda temporada do Vinhos.BR está sendo gravada no mês de abril. Em visitas às vinícolas do Paraná e Rio Grande do Sul, a série trará mais 12 episódios contando a trajetória de quem ama, produz, vende e perpetua a cultura do vitivinícola no Brasil.
Com estreia em 2019, o projeto não se limita a falar apenas da uva e do resultado dentro da garrafa. O foco é contar quem está por trás do rótulo, as pessoas que representam aquele produto, a história de cada local e a paixão que é transmitida através de gerações. Tanto que cada episódio foi batizado com o nome das famílias que participaram, não das vinícolas.
Malu de Martino (na foto acima, com Gaspar Desurmont, da Vinhetica), diretora e apresentadora do Vinhos.BR, sempre buscou formas de unir cinema e audiovisual as suas paixões, como literatura, artes plásticas e música. Assim, o embrião da série foi gerado em 2006, quando surgiu o convite da Câmara Indústria Serviços e Serviços de Caxias do Sul (RS) para falar sobre seu primeiro longa-metragem “Mulheres do Brasil”. Após o evento, aproveitou para visitar o Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, devido à paixão por vinhos. Com o tempo, foi apurando seu paladar enquanto produzia outros conteúdos de audiovisual. No dia que surgiu a oportunidade de criar uma série de TV sobre vinho para a Travel Box, Malu aproveitou para explorar e aprender mais sobre o que era produzido no país.
“Minha proposta é contar trajetórias geracionais de produção de vinho, contar como a família chegou ali”, comenta a diretora, que completa. “A série é dirigida para as pessoas que tem interesse no vinho além da taça, quem quer entender, ler rótulo, saber mais e ouvir as histórias das famílias. Mostro as crianças que vão ser as donas no futuro e os pais e avós que começaram tudo do zero”.
Financiada por editais da Lei do Audiovisual e do Fundo Setorial do Audiovisual, a nova temporada destaca 13 vinícolas de 12 municípios: Guatambu, Batalha, Vinhetica, Routhier & Darricarrère (na foto acima, com Patrick Darricarrère), Adolfo Lona (na foto abaixo), Araucária, Família Fardo, Cave Colinas de Pedra, Legado, Campos de Cima, Fin, Don Carlos e Weber. As gravações foram feitas em Porto Alegre, Bagé, Candiota, Rosário do Sul, Itaqui, Crissiumal, Santo Ângelo e Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, e em Campo Largo, Colombo, Piraquara e São José dos Pinhais, no Paraná. Os novos episódios devem estrear em novembro com transmissão pelo Canal C3 TV.
A primeira temporada está disponível no Globoplay e na Box Brazil Play. Durante a pandemia, quando foi reprisada na Travel Box, a equipe percebeu o carinho do público pela série e pelas famílias que participaram. Os telespectadores assistiam as histórias, encomendavam rótulos daquelas vinícolas e depois faziam fotos e vídeos assistindo aos episódios. O conteúdo construiu laços entre a audiência e os produtores de vinho, motivando visitas para ampliar o gostinho que as gravações deixaram no paladar de quem acompanhou.
“Na primeira temporada, a Isabel Carraro conta uma história sobre as dificuldades do início, o investimento para vinícola e sobre os críquetes que ela fazia e vendia. Aquilo pegou tanto o público, que as pessoas chegavam na vinícola perguntando por Isabel, curiosas sobre a receita do croquete e querendo conhecê-la”, relata Malu. “O público adora, sente que está lá a cada episódio e que conhece a família. E no ponto de vista comercial, quem se identifica vai querer conhecer o vinho e a vinícola”.
Evolução do setor vitivinícola no Brasil
Apaixonada por vinho há anos, Malu percebe a evolução que as novas gerações estabeleceram no país. Ao estudar, entender o mercado e importar produtos e equipamentos de primeira linha, os mais novos passaram a entender o que o ramo representa. Usando como exemplo sua primeira visita ao Vale dos Vinhedos, avalia que o sabor é outro, ganhou mais qualidade. Além disso, todo complexo constituído para o enoturismo rende mais frutos para pequenas vinícolas que o varejo, mesmo com os avanços do e-commerce.
“Mudou de maneira brutal, o vinho evoluiu de forma incrível. Não era vinho ruim, mas tinha o gosto ácido do envelhecimento em cuba de metal, sem aquela coisa redonda e aveludada que temos hoje. Mesmo os que não são de barrica de carvalho, você consegue ver e sentir uma evolução grande. No turismo também era tudo bem diferente. Agora está bem completo em termos de sinalização e no atendimento ao consumidor. Difícil sair de uma vinícola sem uma garrafa, muito difícil.”
Para o futuro, ela defende a importância do vinho fácil de beber. O desafio é fazer com que os vinhos tenham o mesmo sucesso do espumante nacional ou o mais próximo possível.
“É preciso entender que o consumidor quer um produto acessível. Aquele rótulo maravilhoso de R$ 300, que ficou 18 meses em barril, não vai subir o consumo per capita no país. Esse consumo está no vinho de preço razoável que o consumidor pode pagar e tomar no dia a dia. O mercado precisa investir em produtos fáceis de beber e com preços competitivos com os concorrentes da Argentina e do Chile”.
Foto de topo: Almoço da equipe vinhos.br no Clube de Golf de Rosário do Sul com o pessoal da vinícola Routhier & Darricarrère. Todas as fotos desta matéria são de autoria da equipe da vinhos.br.
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