A medida em que o tempo passa, as pessoas imprimem seu trabalho, lazer, hobbies e preferências a sua personalidade. Pensa em alguém que conheças bem, mesmo à distância – sim, agradece às redes sociais por isso. Ao encontrar por acaso na rua uma pessoa que acompanhas online, talvez possas até acertar onde e o que ela comeu no almoço.

Acompanhar o cotidiano da jornalista Suzana Barelli em uma de suas várias frentes de trabalho é mais ou menos assim, a única dúvida que fica, talvez seja que vinho(s) ela vai degustar naquele dia.

Então ouvir dela mesma a notícia – pela metade, talvez para não se ‘furar’, na expressão usada por nós, jornalistas – de que agora é responsável por uma carta de vinhos pode te fazer imaginar que a notícia é velha. É meio lógico pensar que ela já fez isso mais de uma vez.

Mas não, Suzana Barelli, jornalista especializada em vinhos, trabalhando há mais de 20 anos na área, assina agora sua primeira carta de vinhos – e totalmente focada em Brasil.

São 10 rótulos pensados para harmonizar com a gastronomia do chef Danillo Cocci e a programação de jazz da Casa Natura Musical. A primeira carta de vinhos de Suzana Barelli será apresentada na quarta-feira, dia 16 de abril, junto com a estreia do projeto Jazz na Casa – Noites de Balanço Brasileiro.

“Por que eu demorei tanto para fazer uma carta de vinhos? Nem eu sei responder”, confessa, “no começo, achava que tinha um conflito de interesses, me questionava como eu poderia indicar um produtor e depois entrevistá-lo. O leitor poderia pensar que só o estou entrevistando porque coloquei o vinho no cardápio”, questionou-se. Dúvidas como essas fazem total sentido do ponto de vista ético, diga-se de passagem.

“Mas sei que construí uma carreira sólida, que segue independente, e que indicar um vinho significa que ele é uma boa opção para aquele objetivo determinado, que é harmonizar com um prato”, conclui.

“Eu adorei o convite para fazer a carta, e gostei principalmente por ser focada nos vinhos brasileiros. São vinhos que ‘falam’ com o projeto do local”, conta Suzana.

A Casa Natura Musical (foto acima), espaço de shows localizado no bairro Pinheiros, em São Paulo (SP), apresenta nomes consagrados da música e dá espaço a novos talentos. Um dos destaques da Casa é a gastronomia do chef Danillo Cocci, que criou um cardápio de 10 pratos exclusivo para o projeto.

E coube a Suzana fazer a harmonização que une as três pontas: gastronomia, música e vinhos. “Na verdade, a ideia é harmonizar tanto com a comida quanto com a música”, reflete, “pensei em rótulos que tivessem uma vocação gastronômica, mas que também que fossem gostosos para serem provados sozinhos, só curtindo um bom jazz”, complementa Suzana.

Apesar de estar em uma megalópole como São Paulo, onde se encontra praticamente de tudo, a dificuldade de logística foi um dos complicadores da tarefa de Suzana: “comecei a seleção pensando em valorizar os pequenos produtores nacionais, mas logo esbarrei na questão de ter o vinho disponível em São Paulo e em volumes compatíveis com o negócio”, explica, “a logística sempre foi e segue sendo um gargalo da indústria nacional. Um dos vinhos que eu queria colocar, por exemplo, tinha um pedido mínimo de três caixas, é um volume que inviabiliza a compra”, lamenta.

A jornalista relata isso com o conhecimento e a segurança de quem já entrevistou dezenas, centenas de especialistas sobre o assunto, mas mesmo assim ainda não encontrou respostas, tampouco soluções para este problema crônico.

Partindo dessa premissa, Suzana focou em produtores de porte médio, capazes de atender esta demanda. Mas outra condição da carta era a quantidade de rótulos: como chegar a apenas dez, se considerarmos que no Brasil há cerca de 1,2 mil vinícolas legalizadas?

“É um desafio selecionar somente uma dezena de rótulos em um universo tão grande quanto o da produção brasileira de vinhos. Os rótulos produzidos no Brasil vêm melhorando muito, principalmente na última década”, relata a jornalista, “e acho importante uma casa de shows optar por focar apenas nos nacionais para mostrar este ganho de qualidade”.

Entre as escolhas de Suzana, dois espumantes, dois brancos, um rosé, um laranja e quatro tintos. “Se pudesse colocava mais espumantes, que adoro”, confessa, ao mesmo tempo em que explica que selecionou um laranja para acompanhar a forte tendência dos últimos anos. Entre as vinícolas apenas uma de grande porte, no restante, espaço para médios e pequenos produtores, de pelo menos três diferentes estados – Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – e todos com vinhos com preços entre R$ 92 e R$ 210.

Há opções para todos.

Confira os rótulos selecionados na primeira carta de vinhos assinada pela jornalista Suzana Barelli

Espumantes

Cave Geisse – Cave de Amadeu – Brut

Vita Eterna – Nature

Brancos

Sacramentos Vinifer – Sauvignon Blanc – Bianco Far Niente – 2024

Pizzato – Chardonnay – Chardonnay de Chardonnays – 2023

Laranja

Casa Viccas – Alvarinho – 2023

Rosé

Luiz Argenta – Pinot Noir e Syrah – L.A. Jovem – 2024

Tintos

Cooperativa Vinícola Aurora – Pinot Noir – Pinto Bandeira Micro Lotes – 2022

Pizzato – Merlot – Merlot de Merlots – 2023

Thera – Malbec – 2022

Luiz Argenta – Cabernet Franc – Cave Cabernet Franc – 2018

Foto: Alex SIlva

Para sugestões de matérias escreve para [email protected].

As matérias publicadas em nosso site podem ser reproduzidas parcialmente, desde que constando o crédito para Brasil de Vinhos e publicando junto o link original da reportagem.

Para nos prestigiar e manter o Brasil de Vinhos atuando, assina nosso conteúdo exclusivo no feed do instagram.

Para anunciar, escreve para [email protected] e fala conosco.