Tassinari: um mosaico formado por vinhedos, café, Mata Atlântica e a vista do vale do Rio Preto

Tassinari: um mosaico formado por vinhedos, café, Mata Atlântica e a vista do vale do Rio Preto

“Temos vários terroirs aqui que ainda estamos descobrindo”, quem diz isso é Laura Tassinari, produtora com bastante experiência no cultivo de café na Serra Fluminense, e que de 2019 para cá, junto com os irmãos Jorge e Paulo, passou também a plantar uvas para a produção de vinhos. “A vinícola está em sua quinta safra, plantamos, colhemos e produzimos aqui na cantina: estamos em busca da nossa identidade”, resume. 

A Tassinari, localizada em São José do Vale do Rio Preto, é uma das 26 vinícolas ligadas a Associação dos Produtores de Uvas vitis vinifera da Serra Fluminense (AVIVA) e uma das participantes da Associação dos Viticultores da região serrana do Rio de Janeiro (Viniserra). A vinícola faz parte do ‘Rota Areal, capital da Uva’, projeto desenvolvido pela AVIVA com o apoio do Sebrae RJ, um roteiro que possibilita conhecer 16 vinícolas na região.  

A Fazenda São Francisco, sede da vinícola, é parte da história do café na Serra Fluminense. Na década de 80, Paolo – pai de Laura e seus irmãos – começou a trabalhar com grãos, mais especificamente de café arábica. “O cultivo coordenado por nosso pai sempre primou pela qualidade do grão, seu processamento e a secagem no pós-colheita”, assegura Laura, “o café sempre foi nosso principal negócio”, complementa. 

Isso começou a mudar em 2018, quando os irmãos ficaram sabendo que José Cláudio Aranha havia implantado um vinhedo em Paraíba do Sul e pretendia começar a fazer vinho na Serra Fluminense: estava nascendo por lá a vinícola Inconfidência. Laura, Jorge e Paulo dirigiram por cerca de uma hora e conheceram o trabalho pioneiro que começava a ser feito por Aranha: o próximo passo foi contatar o agrônomo Mateus Meira e planejar a implementação do vinhedo.

Cultivar uvas para produzir vinho é um pouco voltar ao passado para os Tassinari: “nossos avós faziam vinho na Itália, na região da Emilia-Romagna”, conta. O primeiro vinhedo foi implantado em 2019 e a primeira colheita em 2021, sem ter local próprio para isso ainda a primeira vinificação foi feita na Inconfidência, “nossa cantina ficou pronta em 2022, mesmo ano que recebemos todas as autorizações do MAPA”, explica Laura. 

Atualmente a Tassinari tem 4 parcelas de vinhedos, em áreas entre 900 metros até 1100 metros acima do nível do mar, implantadas entre os anos de 2019 e 2023, totalizando uma extensão total de 7,5 hectares, divididos entre Syrah (mais de 50% do total), Marselan, Tempranillo, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Malbec e Sauvignon Blanc, além de algumas poucas mudas de Vermentino, para teste. Desde 2022 Mario Lucas Ieggli é o enólogo responsável pelos vinhos produzidos na Tassinari.  

A figura com a qual Laura gosta de comparar o vinhedo da Tassinari é um mosaico: uma obra formada pela união de diferentes padrões e materiais, peças que quando unidas produzem um elemento diferenciado. “O que temos aqui é um mosaico formado por vinhedo, café, Mata Atlântica e a vista do vale do Rio Preto”, filosofa, complementando “os vinhos, principalmente os tintos, têm notas de café bem presente, talvez por conta da plantação, uma característica deles. Temos vários terroirs aqui que ainda estamos descobrindo”. 

As particularidades de solo e relevo, as diferenças de altitude, inclinação e ensolação, e as encostas mais ou menos íngremes contribuem para as diferenças entre cada uma das parcelas, e consequentemente, dos vinhos: “Cada casta é uma aposta”, pondera Laura, “Syrah e Marselan, por exemplo, são variedades com muita produtividade e tipicidade, e são uvas que gostam de calor, mas a Cabernet Sauvignon não está apresentando resultados muito bons, então estamos considerando substituir’, revela. “A cultura da uva dá mais trabalho que a do café”, assegura Laura, “é mais sensível e mais suscetível a doenças”, esclarece. 

Pela frente a simpática produtora aguarda as primeiras colheitas e vinificações de Malbec e Cabernet Franc para 2026, bem como a implantação da primeira área de Chenin Blanc, mas reforça a necessidade de compreender o que já existe na propriedade: “agora, depois de seis anos do primeiro plantio, é que estamos começando a entender qual o caminho do nosso Syrah”, confessa. 

O Brasil de Vinhos viajou a convite do Consevitis-RS e do Sebrae    

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