Blockchain, bitcoin, criptomoeda, alguns termos que estão sendo bastante usados, mas nem todo mundo sabe muito bem o que significam. E o que menos gente ainda sabe é que, cada vez mais, será comum ouvirmos estes termos associados a vinhos. Pois duas das vinícolas que fazem parte da área da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos, a Pizzato e a Dom Cândido, estão envolvidas em um projeto de tokenização de safras. “Por meio da tokenização” explica o advogado Vicenzo Goelzer, procurador da vinícola Dom Cândido e especialista na área de tokenização contratual, “se pode acompanhar todo o processo produtivo, desde a videira, por exemplo, até o envasamento do vinho já vinificado numa garrafa, tudo isso via blockchain”, argumenta.
Blockchain é uma tecnologia de registro de dados que foi criada para dar suporte a uma criptomoeda – a Bitcoin – mas que passou a ser utilizada em diversas áreas – a agricultura é uma delas. Na blockchain as informações estão unidas, em ordem cronológica, por meio de ‘correntes de blocos’ – as blockchains. Cada um desses blocos contém um conjunto de transações que, unidos, permitem rastrear toda a cadeia daquele produto.
“Com o uso dessa tecnologia”, argumenta Goelzer, “as informações que antes estavam de posse do conselho da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos – que chancela a outorga do selo da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos – se tornam públicas através da leitura de um simples QR code no contrarrótulo de cada garrafa”. No código o consumidor tem acesso a todo o histórico desse vinho: desde as validações pelo enólogo até os documentos de aprovação daquele produto perante a Embrapa, por exemplo. “Essa tecnologia agrega valor ao rótulo: valor e não preço”, salienta Goelzer. “Porque nela está registrada a denominação de origem, a característica do terroir. E isso é cultura, é história envasada, e uma história específica de determinado espaço geográfico”, complementa.
A vinícola Dom Cândido, uma das mais tradicionais do Vale dos Vinhedos, foi uma das primeiras a aderir a esta tecnologia, que passa a ser usada em toda sua linha Documento D.O.V.V. (foto acima). “Com esse projeto conseguimos trazer mais segurança ao consumidor final, porque basta ele pegar o celular, escanear o QR code e saber tudo, tendo a garantia e a segurança da origem do produto que está consumindo”, relata a administradora Laura Valduga, da quinta geração da família fundadora.
Os dados armazenados na blockchain mostram ao consumidor que aquele produto foi feito na vinícola, como aquela uva foi cuidada desde o plantio, passando pelo florescimento, até entrar na garrafa, depois todo o processo produtivo e o tempo de barrica até o envase. “Para a Dom Cândido isso representa segurança e autenticidade, e está dentro do que a vinícola prega: pioneirismo e inovação”, finaliza Laura, argumentando ainda que a tokenização traz prestígio às vinícolas que passarem a usar a tecnologia.
Uma linha de pensamento semelhante a de Flavio Pizzato: “a tokenização aumenta a confiança e a transparência do processo de certificação – já rigoroso via Conselho Regulador da D.O.V.V. – junto ao consumidor e trade, tanto para os que buscam valor agregado, valorizando o vinho como experiência intrínseca ao produto e, também, de relação com a geografia de origem do mesmo”, argumenta. De acordo com o enólogo à frente da vinícola que passa a utilizar a tecnologia em seus oito rótulos de espumantes e tranquilos com o selo da D.O.V.V, a blockchain “é um caminho sem volta para quem busca aumento de segurança e rastreabilidade de processos em geral com menor burocracia”. E para o consumidor, nada muda, a não ser, claro, a percepção da origem do que está consumindo: “o produto não melhora nem piora com a tokenização, mas o consumidor passa a ter uma percepção aumentada de que aquele rótulo realmente tem um caminho comprovado, documentado e certificado quanto a sua origem”, finaliza.
Imagens: topo vinhedos Pizzato | acervo Pizzato, divulgação; vinícola Dom Cândido | divulgação e site Pizzato.
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