Mas pra isso o grupo formado por profissionais do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná enfrentou uma maratona de desafios: exames de conhecimento técnico sobre vinhos, testes às cegas e muitos, mas muitos momentos de tensão. Em 72 horas mulheres e homens que atuam como sommeliers de diferentes formas – em salões de restaurantes, em lojas, em importadoras, em vinícolas ou como educadores de vinho – passaram por baterias de testes que instigaram seus conhecimentos na profissão, ao mesmo tempo em que puseram à prova seus limites emocionais.

O Desafio Sul-Brasileiro de Sommeliers, projeto idealizado pelo Centro Europeu e que será transmitido pela Band TV Paraná – e também pelo canal de YouTube da emissora – é o primeiro reality show brasileiro a colocar o vinho como protagonista e dar mais luz ao ofício de sommelier. Quem vencer receberá como prêmio uma viagem para Mendoza, na Argentina, para aprimorar seus conhecimentos, mas mais do que isso, ficará eternizado como o primeiro ganhador do reality. As chamadas para o programa já estão no ar:  o Desafio Sul-Brasileiro de Sommeliers terá cinco episódios, um a cada semana, e deverá estrear no sábado, dia 28 de junho de 2025, às 10h, na Band TV Paraná – e simultaneamente no canal de YouTube. A temporada segue até dia 26 de julho, quando será conhecido o campeão – ou campeã – do 1^o Desafio Sul-Brasileiro de Sommeliers.

Se os desafiantes ficaram confinados durante 72 horas, os organizadores ficaram por mais tempo: “A gente se internou numa quinta-feira no estúdio e saímos de lá na segunda”, diz Rogério Gobbi, diretor acadêmico do Centro Europeu e idealizador do projeto. O estúdio a que Gobbi se refere na verdade é a sede da importadora Porto a Porto, em Curitiba (PR).  “Já tínhamos essa ideia faz um tempo”, conta, “há alguns anos realizamos o Desafio Paranaense de Sommeliers, que contou com participantes de diversas cidades do estado, mas foi algo menor, interno da escola, sem tanta repercussão nas mídias tradicionais. Na hora da continuidade pensamos: por que não ampliar? Assim nasceu o Desafio Sul-Brasileiro de Sommeliers”, resume.

A partir de então internamente Rogério e equipe desenvolveram o projeto do reality show que foi apresentado à TV Bandeirantes. De acordo com Gobbi a emissora logo gostou da ideia, muito em função da tradição que tem com programas de Gastronomia em formatos similares, como o Master Chef. “Estamos muito felizes com o programa. Deu muito trabalho, mas o resultado foi muito legal”, comemora, “tivemos desafiantes dos três estados do Sul, todos muito bem representados. Ficamos muito satisfeitos com o resultado e principalmente com a qualificação dos desafiantes”.

A seleção dos candidatos

Mas e como se chegou ao nome de cada um dos competidores? “Os critérios de escolha que a comissão levou em consideração foram, em primeiro lugar atuar como sommelier nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas a qualificação formal não era obrigatória”. O que significa dizer que os concorrentes não precisavam apresentar diplomas, mas era preciso notório saber e estar atuando como sommelier. “Além disso”, explica o idealizador, “cada um deles fez uma apresentação curta e direta para que a comissão avaliasse o desempenho individual em vídeo”, explica. Foram 60 inscritos e ao final 15 selecionados, mas de última hora dois acabaram não participando.

Os competidores

Jurados fixos e convidados

O corpo de jurados foi formado por integrantes fixos e convidados que mudavam a cada prova, e uma destas participantes foi Regina Vanderlinde (foto abaixo), figura conhecida no mundo do vinho, presidente honorária da Organização Internacional da Vinha e do Vinho: “O programa foi uma iniciativa ousada e inovadora que demonstrou sensibilidade ao abrir espaço para a valorização da enogastronomia e dos talentos dos profissionais do setor”, comemora a especialista.

Regina explica que o formato do programa foi estruturado para avaliar as diversas competências que um sommelier deve ter, começando pelo serviço clássico e passando por avaliações detalhadas dos vinhos e harmonizações complexas, até momentos de improviso diante de situações reais que podem surgir no salão de um restaurante. “Foi inspirador observar como alguns candidatos, mais tímidos no início, ganharam confiança e se revelaram grandes profissionais ao longo da competição”, constata Regina. “Desde o início ficou evidente que este não seria apenas um teste técnico, mas também uma prova de sensibilidade, comunicação e equilíbrio emocional”, resume. E isso foi repetido por alguns dos participantes do desafio. “Foram muitas horas de confinamento, de bastidores, uma loucura, foi bem cansativo, eu nunca tinha vivido isso antes”, disse Deisi da Costa (foto abaixo), alguns dias depois de finalizadas as gravações. E Deisi, podemos dizer, está acostumada a desafios: tem em seu currículo os títulos de melhor Sommelier RS 2019, 2020, 2021 e 2023 pela ABS-RS e personalidade do Vinho 2022 – pelo menos três deles recebidos a partir de disputas com outros profissionais da área.

Deisi avalia também o bom nível não só dos competidores, mas também das provas: “quando penso em concurso, penso em algo muito difícil. É tudo muito desafiador, com perguntas bem difíceis, bem peculiares”, explica, “foi tudo muito intenso”, resume.

Marcelo dos Santos (foto acima), outro gaúcho também tarimbado em concursos – 2^o melhor sommelier pela ABS-RS em 2023, por exemplo – discorre sobre as avaliações: “as provas foram bem interessantes, exigiam conhecimento técnico, expertise no mundo do vinho, conhecimentos gerais, análise sensorial e principalmente em habilidades para serviço e Enogastronomia: foi um apanhado geral do mundo do sommelier”, resume.

Bruno Sias (foto acima), melhor sommelier do Rio Grande do Sul pela ABS-RS em 2024 e vice-campeão em 2025, traz também a questão do espetáculo: “é um programa para difundir o vinho e trazê-lo para mais perto dos consumidores leigos, para aquelas as pessoas que têm curiosidade de saber mais sobre o vinho e quanto essa bebida pode ser divertida e prazeirosa”, relata, “precisa ter narrativa, diversão, tensão: precisa de alguém para torcer”, conclui.

O paranaense João Vitor (foto acima), um jovem profissional de 26 anos, conheceu o Desafio quando ainda era desenvolvido internamente pelo Centro Europeu, em Curitiba. Na época gostaria de ter participado, mas o fez porque ainda não havia terminado o curso. “Desta vez quando recebi a chamada para fazer a inscrição, no mesmo momento eu falei que ia fazer, estava muito animado para participar, porque na minha visão era uma oportunidade de mostrar o meu trabalho”, relata, “você questionou sobre técnica, né? É técnica e espetáculo, é uma mescla de tudo isso. Sobre tensão, nervosismo e expectativas, João Vitor é direto: “quando vi os participantes, fiquei um pouco assustado, pensei: nossa, vou ter que concorrer com esses caras!”, confessa, “deu uma ‘assustadinha ‘assim, mas depois o nervosismo foi passando e penso que consegui desempenhar bem as provas”, diz. “Foi minha primeira competição, eu acho que nível técnico estava muito bom, excelente mesmo entre todos os participantes. Dá para dizer que foi bem concorrido”.

Um reality show, ainda mais gravado de forma intensiva, tem várias regras que os concorrentes devem seguir até o programa entrar no ar, seguir seu curso normal e, semanas depois, ter seu resultado divulgado. E uma delas é a confidencialidade, sendo assim muitas coisas não podem ser contadas, ou seja: não vamos contar tudo por aqui, o resultado só vai ser conhecido no dia 26 de julho, quando se encerrar o último episódio do programa.

Andreia Gentilini (foto acima), produtora de vinhos, sommelière e diretora da ABS-RS, foi uma das integrantes do júri: “em relação ao programa em si, não posso dar muitos detalhes por questões de confidencialidade, mas posso dizer que todos os candidatos que estavam lá representaram muito bem a profissão de sommelier”, conta, “são pessoas muito qualificadas, com conhecimento, e acho que isso vai ser muito bom para a categoria e para todos nós que honramos o mundo do vinho e a profissão de sommelier”, relata.

E Lucas Gabriel dos Santos (foto abaixo) é um destes apaixonados por vinhos e pela profissão: estudou, aperfeiçoou seus conhecimentos e, mesmo jovem, aos 25 anos já se destaca na área. Desenvolveu uma carta de vinhos diferenciada, uma carta de estilos que gerou uma boa repercussão em Curitiba, onde mora: “no lugar de ser apenas uma carta dividida entre brancos, tintos e rosés, era uma carta de brancos leves e florais, brancos minerais, tintos leves e frutados, tintos condimentados ou que eventualmente passam por madeira, enfim, uma carta que acabou gerando um pouco mais de visibilidade na cidade”, conta.

Sobre o Desafio – o que pode falar sobre ele – Lucas avalia que as amizades feitas e o conhecimento adquirido foram muito importantes: “acompanhava o trabalho de algumas pessoas que estavam ali, pessoas que eu sempre admirei, levei como inspiração, eu me sentia o mais jovem, quase que o mascote da competição, tenho apenas três anos nessa vivência de mundo sommelier”, explica, ansioso, “vivo intensamente esse mundo, respiro, me alimento disso diariamente, pra mim foi muito gratificante. Além da visibilidade e de expor o que fazemos, foi uma grande oportunidade de poder mostrar em que a gente acredita e fazer as amizades que fizemos, sem contar que todo mundo estava tentando se ajudar e se acalmar: foi uma experiência muito gratificante”.

Thaise Polizel (foto abaixo) outra apaixonada por vinhos, é paranaense e atua na profissão há pouco mais de cinco anos. Atualmente trabalha em uma importadora, onde é responsável por diversas atividades, entre elas treinamento de equipe e criação de cartas de vinhos. “Estou muito satisfeita e agradecida pelas pessoas terem acreditado no meu currículo e eu mesma ter acreditado em mim para poder estar ali. Acho que o que vem agora vai ser colher os resultados, porque além de mostrarmos nosso conhecimento diante de um júri super qualificado, mostramos para nossos estados e para todo o país”, disse, antecipando o que os telespectadores verão em breve.

Thaise deixa uma boa reflexão, que fazemos coro seja amplificada durante – e após – a exibição dos episódios do Desafio: “o programa tem como objetivo mostrar para o Brasil que sommelier nem sempre precisa ter uma visão tão glamourosa, é necessário ser um pouco mais acessível”, explica, “acho que o que está por vir será mais gente querendo às vezes provar vinhos que nunca pensou em provar, ou conseguindo comprar uma garrafa e entender um pouco melhor para poder fazer uma escolha sozinha. Não é toda loja ou supermercado que tem alguém especializado”, diz, “quem sabe o programa vai ajudar a fazer com que tenham mais pessoas querendo também aprender e entrar nesse mundo”, resume.

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Fotos: arquivo pessoal dos retratados.

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