Um discreto beija-flor tem sua história contada em livro

Um discreto beija-flor tem sua história contada em livro

Um sorriso manso, quase envergonhado, talvez um disfarce, deixando pra lá a homenagem que a cada vez mais parecia se direcionar a ele. Um olhar de canto de olho, desviado para baixo, com o foco na taça na mão – sempre cheia, aliás. No centro da sala, ao microfone, o enólogo Ricardo Morari, presidente da Associação Brasileira de Enologia, apresenta alguém que todos no ambiente apreciam muito. “Foi com ele que aprendi que enólogo que dorme muito na vindima, dorme pouco durante o ano”. Com essa frase dita por Morari, Firmino Splendor abriu seu meio sorriso contido e segurou a emoção: foi aplaudido por mais de 50 enólogos, amigos de longa data, parceiros de trabalho, alunos, admiradores. O dia 22 de outubro de 2024, além de marcar as comemorações do Dia do Enólogo, agora passa a lembrar também a data do lançamento do livro “Um beija flor no vinhedo”, perfil do professor Firmino Splendor, escrito pelo jornalista Irineu Guarnier Filho.

“Não é uma biografia”, insiste em dizer o autor, “é uma homenagem ao mestre de tantas gerações, o profissional dedicado que moldou tantos enólogos e tanto colaborou e colabora para o sucesso da vitivinicultura brasileira”, completa. E como bem disse Guarnier, estas homenagens devem ser feitas em vida.

Na obra, a trajetória do ‘professor Firmino’, como é ainda carinhosamente chamado, é retratada desde que optou por seguir o curso técnico de viticultura e enologia de Bento Gonçalves apenas por dois motivos práticos: não tinha condições financeiras de estudar em Porto Alegre e precisava trabalhar e ser independente financeiramente. Ele não sabia, mas aquela decisão que tomou mudaria a sua vida.

E por que não dizer, também o futuro da Enologia no Brasil?

Porque, entre tantas outras coisas, lá em 1976 o professor Firmino foi o fundador da Associação Brasileira de Enologia – que em sua fundação era chamada ainda de Associação Brasileira de Técnicos em Viticultura e Enologia, a troca para o nome que conhecemos hoje foi feita em 1994.

Leitor voraz, o professor Firmino tem uma invejável biblioteca de livros que tem o vinho como tema principal, obras em diversas línguas. Além de ler muito, é conhecido por sua volumosa e qualificada produção textual – sejam os relatos técnicos, produzidos voluntariamente a cada viagem, encontro ou degustação, sejam os resumos que prepara para cada apresentação ou confraria para a qual seja convidado. E quando se sente inspirado – o que acontece quase sempre – escreve suas poesias.

Porque sim, o mestre é também um poeta.

Um poeta que hoje, aos 84 anos, ainda vive a percorrer os vinhedos que conhece como ninguém, certamente a maior de suas fontes de inspiração. Um poeta que encontra na natureza e nas videiras seus motivos para sorrir, e que ali faz jus ao apelido pelo qual é conhecido: ‘o beija-flor’ Firmino é feliz com a simplicidade da vida, sentindo o perfume das folhas, dos galhos e das frutas, e percebendo nos aromas, com seu olfato treinado, que ainda terá muitas safras a celebrar pela frente.

Imagens: Isadora Guarnier e Lucia Porto

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