Uma “enografia” para chamar de nossa

Uma “enografia” para chamar de nossa

Em 2024, celebrou-se o centenário do nascimento de Aziz Ab’Saber (1924-2012), conhecido como o “pai da geografia brasileira”. Ao longo de sua notável produção intelectual, destaca-se seu trabalho de mapeamento dos domínios morfoclimáticos brasileiros. Os domínios morfoclimáticos são grandes áreas que combinam características de relevo, clima, tipo de vegetação e distribuição das águas. O resultado é a identificação de zonas relativamente homogêneas, como os conhecidos domínios amazônico, da caatinga e dos cerrados

Além da ênfase na geografia física, Ab’Saber era notadamente um cientista humanista, e reforçava a necessidade de olhar a paisagem sobrepondo os humanos e suas ações sobre os terrenos acidentados, as planícies, as áreas de floresta nativa e a expansão dos limites da urbanização e todos os seus efeitos.

E é justamente contemplando esse olhar interdisciplinar, caro à viticultura e enologia brasileiras, que foi lançado em 2023 o livro Geografia do vinho: as grandes regiões vitivinícolas do Brasil” (Editora IDESF, 400 páginas). Os autores Tania Maria Sausen, Marco Antonio F. Hansen e Antonio Pedro Coco, emprestam suas vastas experiências acadêmicas à elaboração dessa extensa e detalhada obra, que tal como um bom vinho deve ser degustada aos poucos e atentamente.

O livro é dividido em nove capítulos e foi confeccionado de forma a permitir ao leitor acesso aos detalhes dos mapas e figuras coloridas que ilustram e embelezam a obra.

O primeiro capítulo fornece um panorama geral das regiões vitivinícolas brasileiras, adicionando às já conhecidas regiões Sul e Nordeste, também as regiões Sudeste e Centro-Oeste do país que, há pouco mais de duas décadas, vêm expandindo as fronteiras do vinho brasileiro.

Os capítulos que seguem são um verdadeiro mergulho nas profundezas do afamado conceito de terroir. Os autores conseguem, com habilidade didática, explicar de forma clara e detalhada os principais fatores geográficos, geológicos e climáticos que influenciam a tipicidade e a qualidade dos vinhos produzidos nas principais regiões do Brasil.

Além disso, o livro se debruça sobre o impacto dos eventos extremos na produção de uvas. Tópico muito relevante, especialmente após as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em 2024. No capítulo final são apresentadas as Indicações Geográficas brasileiras, com uma riqueza de dados e mapas que são as marcas registradas desse bonito livro.

O que Tania, Marco e Antonio (na foto, da esquerda para a direita Luciano Stremel Barros (editor) e os autores Antonio Pedro Coco, Tania Maria Sausen e Marco Antonio F. Hansen) nos entregam é um estudo importantíssimo dos “domínios vitivinícolas” brasileiros – parafraseando o célebre Ab’Saber.

Para iniciantes e iniciados fica a dica: beba esse vinho. Ops, esse livro.

Fotos: site Idesf

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