(vista aérea dos vinhedos de Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Syrah da vinícola Refúgio, em Cuesta de Botucatu(SP))
Associar para crescer, buscar apoio, lutar por políticas, pleitear benefícios, criar estratégias, mapear consumidores, dividir custos, potencializar investimentos, comemorar vitórias: existem muitos, diversos motivos para o fortalecimento de grupos de empresas com objetivos similares, e no segmento do vinho isto não é diferente.
Recentemente surgiram duas iniciativas, originárias de regiões que não têm tanta tradição na produção da bebida, mas que estão entre as que mais vêm se destacado no país; de São Paulo vem a Wines of São Paulo, e de Minas Gerais, ainda com nome provisório, a Associação da Uva e do Vinho.
Wines of São Paulo
O grupo de produtores paulistas se uniu, nas palavras de Luiz Biagi, um dos coordenadores do movimento, para “criar uma plataforma de ideias”. O fundador da vinícola Biagi, que foi um dos idealizadores do Wines of São Paulo, diz que a união é informal “não temos um CNPJ, temos uma filosofia”. De acordo com ele, o grupo deverá se reunir pelo menos uma vez por mês para discutir estratégias de crescimento. “Nosso principal objetivo é promover a qualidade dos vinhos de Dupla Poda”, diz “mas não apenas os deste sistema e sim a dos bons vinhos produzidos em nossa região”, completa.
Associação da Uva e do Vinho (AUVA-MG)
Em Minas Gerais quem tomou a frente foi José Procópio Stella, proprietário da Stella Valentino. “Nosso primeiro encontro foi com o objetivo de nos conhecermos pessoalmente”, explica Procópio. “Sair do grupo virtual de WhatsApp e conversar cara a cara”.
O grupo das vinícolas mineiras é bem heterogêneo, tão distinto quanto o estado, que tem uma grande extensão territorial, com clima, solo e terroir bem diferentes entre si. “Talvez seja necessário pensarmos em associações regionais, com uma central coordenando”, questiona. “O Norte de Minas, por exemplo, está a cerca de 800 quilômetros de onde moro, em Andradas”, explica Procópio.
Além das diferenças ocasionadas pela localização, há o tempo de mercado e a experiência de cada vinícola: “têm algumas que já produzem, atuam e comercializam há muito tempo, mas existem várias que estão começando agora”, pondera. Muitas ainda não têm vinho: das 58 empresas que fazem parte do grupo, Procópio estima que apenas 30 delas já produzam seus próprios rótulos.
Esta reunião teve um objetivo claro de mobilização, mas não apenas dos produtores, também do governo do estado, do Sindivinho e de instituições de pesquisa, negócios e desenvolvimento de Minas Gerais. “Em resumo, este é o momento de as vinícolas atuantes e as futuras se organizarem”, afirma o produtor, “sozinhos não conseguiremos nada”.
Movimentos como os que nasceram em São Paulo e Minas Gerais também acontecem em outros estados, juntando produtores não necessariamente de estilos de vinhos parecidos, mas com objetivos em comum. No Rio Grande do Sul vinícolas de cidades como Porto Alegre, Viamão e Taquara – ambas na região metropolitana da capital gaúcha, organizam alguns eventos em conjunto e caminham para a formação de grupos organizados. Quanto mais gente junto dizendo a mesma coisa, mais alto o volume do recado, dizem.
E como afirma o produtor Luiz Biagi, “o elo de ligação entre as vinícolas é uma amizade entre os empresários, uma troca de informações técnicas, de produção, de campo, de equipamentos, de experiências”. A frase que ele disse para resumir a Wines of São Paulo, talvez possa servir para todas as associações, as que já existem, e as que ainda estão por vir.
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