A paixão por livros e vinhos naturais virou um negócio inovador em Lisboa para a brasileira Giovanna Centeno. Junto com o marido, Samuel Miller, em novembro de 2024 Giovanna abriu a Good Company Books, na zona de Campo Pequeno. A livraria vende livros de autores do mundo todo, em suas versões em inglês. Mas além da leitura, a casa funciona também como um lugar de encontros, regados a café e bons vinhos naturais.

O sonho surgiu quando Giovanna e Samuel (foto abaixo) estudaram em Lugano, na Suíça. Depois disso, seguiram caminhos diferentes: ele na área de marketing, em Portugal, e ela no ramo editorial, nos Estados Unidos. Veio a pandemia do Covid 19 e com ela a necessidade de ficarem juntos. No final de 2022 o casal decidiu viver em Lisboa: algum tempo depois, na avenida Visconde Valmor, onde antes existia uma loja de móveis portuguesa, nasceu a Good Company Books.

Giovanna conta que a proposta de misturar livro, bebida e comida é comum no Reino Unido e nos Estados Unidos, mas não em Portugal. “Pensamos em algo diferente, não queríamos competir, queríamos inovar”, diz, e afirma que o projeto se encaixa perfeitamente na capital: “Lisboa é uma capital cosmopolita”, completa.

Com o mesmo objetivo de buscar novidades, veio a ideia dos vinhos naturais. Consumidora apaixonada, Giovanna explica que: “na Europa essa pegada é tendência, começou na França há alguns anos e se espalhou”. Giovanna conta que em Portugal existem vários bares dedicados a vinhos naturais, mas é um mercado que segundo ela ainda estáem desenvolvimento. “Mas é um segmento vai crescer ainda mais, pois há muito a explorar”, antecipa. “É uma nova área, com novos enólogos na cena. E esses produtores estão se voltando para o resto do mundo, mais globalizado”, assegura. Como exemplo, em Portugal, ela cita Filipa Pato, enóloga que faz vinhos incríveis. Dos vinhos naturais portugueses, além de Filipa Pato, ela indica o Tubarão (foto abaixo), Antonio Madeira e o Corte de Cima.

Na Good Company Books Giovanna e Samuel trabalham apenas com vinhos portugueses. “Não vemos necessidade de consumir de fora, pois os produtores daqui são ótimos e conseguem englobar tudo. Temos tantas regiões agrícolas distintas e elas produzem muitas variedades de uvas, diversas opções de terroir”, avalia.

A carta de vinhos da livraria não é muito extensa, pois o objetivo é ter rotatividade nos rótulos. “Queremos a oportunidade de apresentar novos vinhos e ter um diálogo quando o estamos servindo”. Hoje na carta há quatro tintos, de quatro a três brancos, um laranja e um pet nat  – um fermentado natural, alternativa entre o vinho e o espumante. E para acompanhar, pastelaria e tábua de queijos.

Giovanna não conhece muito dos vinhos brasileiros, pois saiu do país aos 18 anos, mas entende que o Brasil tem potencial imenso e que, como em Portugal, com muita diversidade. A empresária que o que falta para o vinho sul-americano é marketing. “A Europa ainda é uma caixinha fechada. Gostam de consumir vinhos de lá, mas muito por falta de conhecimento do que existe em outros países”, alega.

Mesmo desconhecendo nossos rótulos, foi no Brasil que Giovanna teve o primeiro contato com o vinho, bebida que sempre esteve presente nos encontros de família. Sua mãe escrevia nas rolhas o nome das pessoas e as datas de quando as garrafas haviam sido abertas. “Aprendi a desenvolver minha paixão pela bebida com minha mãe, eu adorava cheirar o vinho”, lembra. “Foi ali que trabalhei o olfato e desenvolvi minha admiração por esse mundo. Vinho pra mim é boa lembrança e tem o poder de reunir pessoas”, resume. E são esses momentos de encontro que o vinho proporciona que Giovanna promove na Good Company Books.

Fotos: arquivo pessoal Giovanna Centeno

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