Vinícolas urbanas e enoturismo em destaque no Brasil

Vinícolas urbanas e enoturismo em destaque no Brasil

Uma reportagem de fôlego, em um caderno especial do Jornal do Comércio, de Porto Alegre, traça um panorama do enoturismo no Brasil e a tendência cada vez mais forte das vinícolas urbanas, que começam a aparecer em algumas capitais brasileiras.

Algumas das matérias foram feitas por Patrícia Lima, jornalista formada pela Universidade Católica de Pelotas, especialista em Jornalismo pela UFSC e mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, que trabalha em reportagem há 22 Anos. Há pelo menos 15 anos Patrícia cobre o setor vitivinícola em Santa Catarina e, principalmente, no Rio Grande do Sul.

Patrícia trocou algumas ideias conosco sobre o vinho brasileiro hoje.

Qual a principal dificuldade que ainda há hoje para o produtor de vinho no Brasil?

Pelo que acompanho do setor em mais de 15 anos de cobertura, a carga tributária é um peso, como em muitos outros segmentos. A classificação do vinho – que não é considerado um alimento – dificulta o crescimento. E há as questões burocráticas, relacionadas a taxas e impostos, que dificultam até mesmo a presença do vinho brasileiro em todo o território nacional, mas. isso vem melhorando. Um exemplo foi o fim da substituição tributária, a famosa ST, para o vinho gaúcho, assinada em 2019 pelo governo do Estado. Isso foi um grande avanço.

Acompanhas o vinho brasileiro há muito tempo, qual tua percepção da qualidade do produto? 

Não há dúvida de que o vinho brasileiro vem melhorando a cada safra, isso é evidente. Temos hoje nas vinícolas processos modernos, em linha com a produção dos países produtores mais tradicionais e prestigiados. Nossos espumantes estão entre os melhores do mundo, sem qualquer dúvida. E temos grandes tintos, também. Enfim, é uma evolução bonita, porque estamos descobrindo a característica de cada região, e com isso nosso vinho vai ganhando personalidade. Tem sido muito legal testemunhar essa evolução.

Na tua opinião o consumidor brasileiro consegue avaliar este salto de qualidade?

 O consumidor brasileiro ainda resiste ao vinho nacional por um preconceito entronizado, talvez herança dos tempos em que a qualidade não era prioridade para muitos produtores, isso aliado ao grande lobby dos importados. Ainda conheço muita gente que diz que vinho nacional não é bom, e o que é bom é muito caro. O que, obviamente, não é verdade. Ao mesmo tempo, vejo muita gente aberta a descobrir o nosso vinho, o que é bacana. Mas ainda há um caminho longo pela frente, até que esse véu de preconceito caia e a gente possa ser de fato um país que aprecia o seu vinho, como são nossos vizinhos.

Fazendo uma análise do que pesquisaste para esta matéria, e considerando também o que ficou de fora desta reportagem, o que achas que o brasileiro pode esperar do vinho produzido no Brasil nos próximos anos?

Por um lado, estamos nos alinhando com as tendências mundiais: vinícolas urbanas surgindo, experiências enogastronômicas pipocando, lojas especializadas em vinho nacional. Por outro, temos os produtores preocupados em descobrir e explorar a personalidade do seu terroir, do seu estilo de vinho. Então vão surgir cada vez mais projetos autorais, ousadias de pequenos vinhateiros. As grandes empresas também estão fazendo investimentos em tecnologia e em talentos da Enologia para ter um produto que expresse a identidade local, que expresse o vinho brasileiro, que não mais busca ser igual ao argentino ou chileno. Um vinho que encontra o seu próprio caminho, dentro do que é o Brasil, em seus variados terroirs… acho que nos próximos anos vamos ver muito mais vinho brasileiro buscando a resposta para o que é ser, de fato, vinho brasileiro, com qualidade, ousadia e personalidade.

 

 

Para ler na íntegra o caderno especial sobre vinhos e espumantes do Jornal do Comércio, clique aqui.

 

 

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