Irineu Guarnier, escritor e jornalista especializado em vinhos e agronegócio, foi o convidado do episódio mais recente do Brasil de Vinhos Recebe, onde compartilha reflexões sobre o Terroir NoMi, uma região vitivinícola emergente no Rio Grande do Sul. Embaixador informal da área, Irineu destaca a transformação dessa região, tradicionalmente dedicada ao cultivo de grãos como soja e milho, mas que agora desponta como um pólo promissor na produção de vinhos.
Trajetória profissional na comunicação do agronegócio. Para ele, apesar da aura glamourosa que envolve o vinho, é essencialmente um produto da terra, “um agroalimento que vem da terra”, explica.
O jornalista aponta que o Terroir NoMi carrega uma história rica e singular, com raízes que remontam a mais de 400 anos, quando os jesuítas introduziram a viticultura na região das Missões. Essa tradição, interrompida por séculos, está sendo resgatada por pequenos produtores locais, que apostam em uma vitivinicultura diferenciada. “Nunca imaginei que aquela região pudesse produzir vinhos, mas para minha surpresa, de uns 10 anos para cá, descobri que algumas pessoas estavam começando a fazer vinhos de qualidade por lá”, comenta Irineu.
O nome “Terroir NoMi” surge da contração de Noroeste e Missões, uma referência geográfica que sintetiza a origem dos vinhos. Irineu relembra que desde que foi apresentado aos vinhos locais tem acompanhado a evolução da produção, citando a vinícola Don Carlos, de Santo Ângelo, e a Malgarim Vinhos, de São Borja, como alguns dos pioneiros que começaram a revitalizar a tradição vitivinícola do local.
O diferencial dos produtores NoMi, segundo ele, está na busca por uma identidade própria, marcada pela produção de vinhos potentes e estruturados, com uvas exóticas como a Saperavi georgiana, a Xinomavro grega e a Nero d’Avola italiana: “esses produtores estão buscando criar uma identidade própria”, afirma. Além disso, destaca as condições únicas da região – como o solo pedregoso e a forte amplitude térmica – que favorecem a qualidade dos vinhos.
Irineu também aponta o grande potencial enoturístico da região, descrevendo as suaves coxilhas das Missões e a rica herança cultural como atrativos para turistas que buscam uma experiência imersiva. A região ainda possui vinícolas inovadoras, como a Weber, que testa 40 variedades de uvas, e a Don Carlos, que elabora vinhos com cortes inusitados, como um vinho laranja feito com Palava, Chardonnay, Viognier e Pinot Bianco. “O vinho tem que ter história, paisagem e autoria. Não é um produto industrial que se cria da noite para o dia: tem de ter uma conexão com a terra, e é isso que os produtores do terroir NoMi estão oferecendo”, reflete Irineu.
A expectativa é que nos próximos anos o local ganhe ainda mais relevância no cenário nacional e internacional. A região já se organiza para obter a Indicação de Procedência (IP) junto ao INPI, com o apoio da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves. Projetos de enoturismo também estão em andamento, com a criação de um corredor enogastronômico que incluirá hotéis, pousadas e restaurantes, além de atrativos históricos como as ruínas de São Miguel e a Catedral de Santo Ângelo.
Com as grandes perspectivas de futuro, Irineu conclui com otimismo, destacando a importância dos consumidores brasileiros apoiarem a iniciativa dos produtores: “estamos fazendo vinhos maravilhosos no Brasil, e é uma alegria poder acompanhar essa evolução”.
Vem assistir o episódio completo e conhecer essa região que promete se destacar na produção de vinhos finos.
No dia 26 de outubro, o Brasil de Vinhos RECEBE Daniela Zottis, enóloga, engenheira de bioprocessos e biotecnologia, sommelier e sócia-proprietária da Casa Zottis Vinhos e Uvas para falar sobre premiações internacionais e a influência no mercado interno.
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