A Avalição Nacional de Vinhos em 16 respostas

A Avalição Nacional de Vinhos em 16 respostas

A Avaliação Nacional de Vinhos é um dos momentos mais esperados do ano para o mercado. Enólogos, produtores de vinho, sommeliers, lojistas, enófilos, todos que tem o vinho como negócio ou como paixão – ou ambos – estão focados nesse importante momento do ano.

A cada edição a ANV cresce: em 2024 estão inscritas 472 amostras de 67 vinícolas de sete estados brasileiros, além do Distrito Federal.

Um número grandioso.

Assim como grandioso também é o público: a Associação Brasileira Enologia espera a presença de 800 pessoas na audiência, degustando junto com os 16 comentaristas cada uma das amostras.

Ao final do trabalho dos enólogos da ABE, que durante meses degustaram centenas de rótulos em longas horas de apurada degustação técnica, foram selecionadas 16 amostras, que serão apresentadas ao público no sábado, dia 19 de outubro.

Para compreender um pouco mais sobre a ANV, seus métodos, seu funcionamento, seu sistema de avaliação e sua logística, conversamos com Ricardo Morari. O presidente da ABE nos deu respostas práticas sobre a mecânica do evento, alguns sinais sobre o que podemos esperar para o que será apresentado no evento e também refletiu sobre como poderá ser a ANV 2025.

 

A Avalição Nacional de Vinhos em 16 respostas

 01.O que é a ANV?

A Avaliação Nacional de Vinhos é um evento que se tornou o maior momento do vinho brasileiro. É a maior degustação de vinhos de uma safra do mundo. Como o próprio nome diz, é uma avaliação, não um concurso, pois avalia a representatividade da safra em curso sem conferir medalhas. Inclusive, a maioria das amostras nem estão no mercado porque são vinhos do ano ainda em processo de elaboração. Apesar de não ser um concurso, tornou-se disputado tanto pelas vinícolas, que buscam emplacar seus vinhos entre os mais representativos da safra – seja entre os 30%, seja entre as 16 amostras selecionadas entre os 30% – quanto pelos apreciadores que desejam viver a experiência, única no mundo. A Avaliação Nacional de Vinhos é uma realização da Associação Brasileira de Enologia que, desde o início, sempre teve o propósito de avaliar a safra, entender as mudanças, acompanhar as tendências, integrar a cadeia e confraternizar com o mercado, entre tantas outras possibilidades.

02.Quem pode se inscrever?

Qualquer vinícola brasileira pode inscrever amostras, desde que siga o regulamento do evento que vem mudando ao longo destes 32 anos, adaptando-se ao setor. Tem que ser vinhos brasileiros da safra em curso; devem ser das categorias Vinho Base Espumante, Vinho Branco Não Aromático, Vinho Branco Aromático, Rosé, Tinto Jovem e Tinto Seco.

03.Quantas amostras foram inscritas em 2024?

Foram inscritas 472 amostras de 67 vinícolas de sete estados brasileiros, além do Distrito Federal (Bahia 15, Distrito Federal 16, Goiás 1, Minas Gerais 3, Paraná 3, Rio Grande do Sul 408, Santa Catarina 8 e São Paulo 18)

04.Há algum critério para desclassificar amostras inscritas?

Estar em desacordo com o regulamento.

05.Quantas amostras de cada estilo foram inscritas?

BASE ESPUMANTE – 88 – 18,65%

BRANCO NÃO AROMÁTICO – 58 – 12,29%

BRANCO AROMÁTICO – 61 – 12,92%

ROSÉ – 35 – 7,42%

TINTO JOVEM – 27 – 5,72%

TINTO – 203 – 43%

06.Qual a região que inscreve mais amostras?

Rio Grande do Sul, obviamente por representar a maior parte da produção nacional.

07.Qual a região menos tradicional do vinho brasileiro a inscrever amostras?

As novas regiões produtoras tipo Goiás, Minas Gerais e Bahia.

08.Qual a maior dificuldade dos enólogos pra essa seleção?

Como na maioria dos casos não são vinhos comerciais ainda, alguns ainda em processo de elaboração (em tanques ou barricas), os enólogos devem avaliar além da qualidade que já se apresenta na taça, qual o potencial de evolução desses vinhos com o tempo, até o momento de irem para a garrafa. Ou seja: a técnica e o conhecimento do enólogo que participa da seleção devem ser empregados ao máximo para poder selecionar os mais representativos.

09.Quais os critérios de avaliação dos vinhos?

Para estar entre os mais representativos, os vinhos devem apresentar destacada qualidade em todos aspectos organolépticos: visual, olfativo e gustativo. Nas diferentes categorias se busca encontrar os vinhos que não apresentam defeitos técnicos de elaboração, jovialidade que comprove que é vinho da safra que está sendo avaliada, complexidade e potencial de evolução.

10.Como avaliar um vinho base de espumantes?

Um grande base de espumante deve ter aromas finos e elegantes, não sendo necessário grande intensidade aromática. É muito importante que apresente frescor intenso e bom volume em boca, garantindo que o espumante elaborado a partir dele seja de alta qualidade no futuro.

11.Por que 16 amostras?

A ABE criou um regulamento que prevê a seleção de amostras em todas as categorias com o propósito de apresentar a representatividade nos diferentes tipos de vinhos, evitando assim, que as amostras pudessem ser da mesma categoria. O objetivo é mostrar o panorama de cada safra.

12.Quais foram as 16 selecionadas em 2023?

CATEGORIA VINHO BASE ESPUMANTE

Chardonnay e Pinot Noir – Vinícola Geisse – Pinto Bandeira (RS)

Pinot Noir – Moet Hennessy do Brasil – Garibaldi (RS)

CATEGORIA BRANCO FINO SECO NÃO AROMÁTICO

Alvarinho – Cooperativa Vinícola Garibaldi – Garibaldi (RS)

Chardonnay – Cooperativa Vinícola São João – Farroupilha (RS)

CATEGORIA BRANCO FINO SECO AROMÁTICO

Moscato Giallo – Hortência Vinhos e Espumantes – Flores da Cunha (RS)

Malvasia Aromática – Cooperativa Vinícola Aurora – Bento Gonçalves (RS)

CATEGORIA ROSÉ FINO SECO

Tannat – Casa Venturini Vinhos e Espumantes – Flores da Cunha (RS)

 CATEGORIA TINTO FINO SECO JOVEM

Merlot – Vinícola Salton – Bento Gonçalves (RS)

Pinot Noir – Miolo Wine Group – Bento Gonçalves (RS) 

CATEGORIA TINTO FINO SECO

Marselan – Vinícola Gazzaro – Flores da Cunha (RS)

Alicante Bouschet – Vinícola Salvattore – Flores da Cunha (RS)

Cabernet Sauvignon – Vinícola Perini – Farroupilha (RS)

Cabernet Franc – Vinícola Don Guerino – Alto Feliz (RS)

Petite Syrah – Vinícola Brasília – Brasília (DF)

Tannat – Vinícola Almadén – Santana do Livramento (RS)

Tannat – Vinícola dos Plátanos – Farroupilha (RS)

13.Quem são os 16 comentaristas deste ano?

Ari Gorestein – Co-CEO e diretor de produtos de Víssimo Group – Brasil

Bruno Sias Rodrigues – Sommelier – Brasil

Bruno Vianna – Sommelier – Brasil

Daniel Arraspide – Jornalista e sommelier – Uruguai

Dionísio Chaves – Sommelier – Brasil

José Ignacio Hernández – Enólogo – Espanha

Lucia Porto – Jornalista e sommelière – Brasil

Marcio Campos Dias – Jornalista – Brasil

Mauricio Ceccon – Sommelier – Brasil

Murillo de Albuquerque Regina – Engenheiro Agrônomo – Brasil

Paula Theotonio – Jornalista e sommelière – Brasil

Protásio Da Luz – Médico – Brasil

Rosane Marchetti – Jornalista – Brasil

Sara Bodowsky – Jornalista – Brasil

Vanessa Stefani – Enóloga – Brasil

Sorteado

14.Qual o critério para escolher os comentaristas?

Apreciadores que, por meio de suas ocupações, possam dar voz ao vinho brasileiro, sendo multiplicadores da vitivinicultura brasileira.

15. Considerando as condições climáticas da safra 24, qual a tendência dos vinhos que deverão estar entre os mais representativos?

O ciclo 2023/2024 foi muito desafiador para a viticultura na região tradicional, onde o manejo nos vinhedos foi fundamental para a produção de uvas de qualidade. Nas diferentes categorias teremos vinhos de qualidade diferenciada, com personalidade e com a diversidade de estilos que os diferentes terroirs brasileiros podem oferecer.

16.Qual a expectativa para o próximo ano?

Ainda é um pouco cedo para prever, afinal o ciclo da videira está ainda iniciando na região tradicional. Sabe-se que na região de colheita de inverno as condições foram muito boas, permitindo a elaboração de grandes vinhos que certamente estarão participando da ANV 2025. Aqui na região Sul, ficamos na expectativa de que o fenômeno La Nina se confirme, já que este é sempre favorável para a produção de uvas de qualidade, diminuindo a intensidade e volume de chuvas. Com isso, esperamos que a ANV 2025 traga ainda mais amostras das diferentes regiões para que a representatividade da produção vitivinícola brasileira possa ser novamente avaliada e apreciada na taça.

 

 Imagens: Jeferson Soldi | divulgação ABE

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