A baiana Clea Francisca de Paula (foto acima) começou a estudar vinhos no Brasil, em 2008, quando morava em São Paulo. Quatro anos depois, passou uma temporada estudando na Borgonha e desde 2019 vive no Sul da França, mais especificamente em Portel-des-Corbières, no coração do Languedoc-Rouissillon. Lá, segue trabalhando com vinhos, atuando com sommellerie, organizando eventos e recebendo turistas brasileiros que querem conhecer a região e viver o enoturismo local.
Agora passa a ser a única brasileira nomeada como jurada da Apelação de Origem Controlada Corbières e da Apelação de Origem Protegida Boutenac – membre des commissions de dégustation des OFG Corbières et Boutenac.
A AOC Corbières (foto acima) é a maior da região, responsável por mais de 40% da produção de vinhos do Languedoc-Roussillon, que tem a Carignan como variedade mais frequente. Desde março de 2024 reconhecida como AOP Boutenac, o Cru Boutenac abrange 10 comunas e assim como na AOC Corbières os vinhos são tintos, tendo como base a sempre Carignan Noir, uva emblemática da AOP.
Entre das diversas experiências profissionais de Clea desde que chegou à França, a sommelière aponta o período no qual trabalhou com a vinícola Gérard Bertrand como um dos mais emblemáticos: “trabalhar com o maior produtor de vinhos do Languedoc foi uma experiência que abriu muitas portas e permitiu que eu aprofundasse meu conhecimento sobre a área, os terroirs e as práticas de uma terra tão rica em diversidade”, avalia.
Em 2024 a brasileira já havia sido convidada para ser embaixadora das comemorações dos 20 anos do Cru Boutenac – atualmente reconhecido como AOP (foto acima). A missão, que teve como uma das tarefas integrar a equipe na Wine Paris, teve sequência com o convite para integrar a comissão oficial de degustação da AOP Boutenac, responsável por avaliar se os vinhos apresentados têm os requisitos necessários para ter o selo de reconhecimento. Para poder fazer parte dessa comissão foi necessária uma certificação específica: “fiz uma formação no Château de Boutenac, onde foram apresentados os métodos de avaliação organoléptica e técnica utilizados nos exames de controle da AOC Corbiéres”, explica.
O objetivo da comissão não é julgar o vinho conforme seu gosto pessoal, são avaliações técnicas: “nessa função avaliamos se o vinho apresenta algum defeito que possa comprometer sua conformidade com a denominação”, relata, “é um exercício de rigor e neutralidade sensorial”.
Mais do que desempenhar tarefas ou realizar análises, para Cléa fazer parte desse seleto grupo que conta apenas com uma brasileira é uma honra: “tudo isso representa muito para mim, que saí da Bahia ainda menina e vim para a França movida pela paixão pelo vinho”.
E Clea certamente ainda trilhará um belo caminho no mundo do vinho.
Fotos: sites Cru Boutenac, Vins Corbiéres e Poline Shinel (foto Clea Francisca de Paula)
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