Imagina a facilidade: agenda um horário e na hora acordada um caminhão estaciona na porta da tua vinícola – uma vinícola pequena, que produz cerca de 30 mil, 40 mil litros por ano, certamente não mais do que 50 mil. Está nos teus planos ampliar a cantina, que fica quem sabe no porão ou em um anexo da casa, mas tudo é caro, né? A porta do caminhão é aberta e podes ver uma verdadeira cantina sobre rodas. Dentro do veículo quatro equipamentos capazes de realizar pelo menos nove processos: um tanque pulmão, uma envasadora, um arrolhador e uma rotuladora. Até parece um sonho, mas não é mais.
O caminhão na verdade é a 1a Estação móvel de envasamento e rotulagem de vinho do Rio Grande do Sul, ideia que nasceu há mais de 10 anos, começou a ser viabilizada há seis, e saiu do papel no dia 3 de setembro de 2025, quando foi apresentada durante a Expointer, feira de máquinas e agronegócio realizada na cidade de Esteio (RS). “Em 2014, em uma viagem ao Chile, conheci uma estação de envasamento. Depois, vi o mesmo modelo na Argentina e em países da Europa”, lembra o deputado Guilherme Pasin, que conseguiu os recursos por meio de uma emenda parlamentar de R$ 750 mil, apoiada pela Secretaria de Desenvolvimento Rural e o Consevitis/RS. “Desde então, ficou claro para mim que os nossos produtores precisavam ter acesso a essa tecnologia”, conta.
Importante salientar que a Estação foi viabilizada com o apoio de empresas parceiras, como Agrale e Faccin, com o caminhão e o baú, e Sava Equipamentos Industriais, que foi fundamental com a comercialização dos equipamentos para garantir a efetividade do projeto: “tínhamos interesse em fazer parte dessa história, fizemos um valor mais baixo para viabilizar o projeto da Associação”, diz Giovani Agostini, supervisor comercial da Sava, “um veículo equipado como esse com certeza custa mais do que R$ 1 milhão no mercado”, detalha, “fizemos praticamente pelo preço de custo, porque enxergamos isso como um projeto eterno, queríamos fazer”, confessa.
Thompson Didoné (foto acima), enólogo da Emater RS, garante que o uso desse equipamento vai incrementar a qualidade no produto final de cada vinícola: “esse sistema permite engarrafar entre 400 e 600 garrafas por hora”, explica, “é uma grande conquista para a Agricultura Familiar”. A estação tem capacidade para executar todo o processo: filtragem, higienização das garrafas, envase, vedação, rotulagem e aplicação de cápsula, diretamente nas propriedades.
A princípio a Estação será utilizada pelas vinícolas Buffon, Casa Zottis, Della Mastela, Videiras Carraro, Porão do Vale, Dallavino, Speranza, Ottovino e Don Aldino – produtores associados à Enovinho, vertente da Associação de Agricultores Familiares que trabalha com a produção de vinhos, sejam eles coloniais ou finos. A utilização da Estação Móvel terá um custo praticamente simbólico, que será destinado à manutenção do equipamento. Juliano Zottis, presidente da Enovinho, relata que é uma questão de tempo até que a utilização do veículo seja feita por mais empresas: “no início teremos um processo de capacitação pelos associados, que serão ao mesmo tempo usuários e prestadores de serviço ao transportar a Estação até quem a solicite”, explica o também proprietário da Casa Zottis. Os produtores interessados em mais informações e saber como agendar a visita e utilização da Estação Móvel devem entrar em contato com a Enovinho pelo email [email protected].
Fotos: Bruna Pereira Ferreira | Consevitis-RS e Brasil de Vinhos | Lucia Porto
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