É chegada a época da reunião de enólogos e especialistas para apreciação dos rótulos das vinícolas que buscam os selos de Indicação Geográfica. Nesta semana foram degustados, às cegas, vinhos produzidos na região do Vale dos Vinhedos (foto acima) postulantes aos selos de Denominação de Origem e Indicação de Procedência, e na região de Altos Montes, em busca da etiqueta de Indicação de Procedência.

Na sede da Embrapa, em Bento Gonçalves (RS), os sete integrantes do comitê oficial do Conselho Regulador da Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos (foto acima) – além de associados da Aprovale – degustaram 25 amostras de vinhos da safra sabendo apenas a variedade da uva. “Tivemos a degustação de vinhos da D.O.V.V., Chardonnay e Merlot, e também temos algumas amostras de Cabernet Sauvignon, Tannat e Cabernet Franc que vão compor cortes”, explica o enólogo Moisés Brandelli, presidente do conselho regulador da D.O.V.V. No mesmo momento também foram avaliados rótulos com a Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos, que é mais abrangente na quantidade de variedades de uvas permitidas.

“No âmbito geral foi muito positivo”, comemora Brandelli. A maior parte dos produtos foi aprovada, apesar da safra dificultosa para muitos produtores: “mesmo com obstáculos os produtores conseguiram manter uma régua de qualidade boa”, resume.

“É cedo para falar”, segue, “porque a maioria dos vinhos é para amadurecimento e evolução, mas os Chardonnay tiveram um desempenho muito bom”, antecipa. Os tintos, na sua maioria de guarda, também tiveram um bom desempenho.

O enólogo Mario Lucas Ieggi, vice-presidente da Associação Brasileira de Enologia, comenta que o que foi degustado demonstra o trabalho dos profissionais em cada garrafa. “É possível sentir o trabalho do enólogo na cantina, por conta de uma safra que teve bastante desafios para nós”, pondera.

Apesar disso, Ieggi assegura que teremos produtos de altíssimo nível, com muitas características típicas do Vale dos Vinhedos: “vinhos bastante frutados e com acidez em boca”. Todos os tintos degustados – e muitos dos brancos – tiveram passagem por barrica: “em alguns a madeira estava mais presente, mas na maior parte estavam bem equilibrados, harmônicos, delicados e finos na questão entre fruta e barrica”

A avaliação dos vinhos com Indicação de Procedência de vinícolas da Região dos Altos Montes, realizada na Escola de Gastronomia, em Flores da Cunha (RS), reuniu sete enólogos em uma degustação técnica também às cegas. O painel avaliou 11 amostras de vinhos finos, seis da safra 2024, que só devem chegar ao mercado em 2026, e cinco de safras anteriores, que foram reavaliadas e estarão disponíveis aos consumidores até abril de 2025. Todos os vinhos foram recomendados por unanimidade pelos especialistas.

As amostras da safra 2024 avaliadas incluem uma variedade de vinhos tintos de guarda, como Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Marselan e Tannat, vinhos que passarão por barricas e envelhecimento em garrafa antes de serem comercializados. Já as amostras reavaliadas das safras 2022 e 2023 abrangem rótulos como Sauvignon Blanc, Pinot Noir, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Tannat.

Para o enólogo Felipe Bebber, presidente da Altos Montes, o selo IP não é apenas uma certificação de origem, mas uma garantia de qualidade e autenticidade:”esse rigor fortalece nossa identidade e diferencia nossos vinhos no mercado”, resume.

Fotos: divulgação Aprovale e Altos Montes

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