É tempo de vindima no Rio de Janeiro

É tempo de vindima no Rio de Janeiro

Quando se toma o trajeto de cerca de 100 quilômetros que parte da cidade do Rio de Janeiro até Teresópolis, na Serra Fluminense, pode parecer inusitado que o passeio inclua a visita a uma vinícola, mas não é mais. No mês de julho de 2024 a vinícola Maturano celebrou a sua primeira vindima e um marco importante para a o desenvolvimento da produção vitivinícola e do enoturismo em terras fluminenses. Rogerio Dardeau, escritor, jornalista e um apaixonado pesquisador de vinhos brasileiros conta que já são 36 os empreendimentos vitícolas no estado do Rio de Janeiro. Além da Maturano Teresópolis conta com outra vinícola, a pioneira Fattoria Vinhas Altas.

A Maturano está em fase final de construção de sua estrutura física, mas em 2025 quando entrar em operação plena, deverá ter capacidade para produzir 320 mil garrafas por ano. Além da edificação destinada ao processamento das uvas cultivadas em vinhedos próprios, está prevista a construção de um restaurante e um hotel – o que certamente vai impulsionar em muito o Turismo na região. Distante 30 quilômetros do centro de Teresópolis, a sede da vinícola está à beira da rodovia Terê-Fri, que liga Teresópolis a Nova Friburgo e deve atrair turistas que procuram experiências enogastronômicas e a contemplação da paisagem do local.

“Nossa sala de degustação terá uma vista privilegiada para as Torres de Bonsucesso e o Parque Estadual dos Três Picos”, diz Manuela Maturano, sócia-proprietária da vinícola, “A ideia é emoldurar a paisagem”, completa. A família chegou em 1924 a Teresópolis e, um século depois, busca retomar as origens agrícolas implantando um vinhedo de 32 hectares nas terras que pertenceram ao bisavô de Marcelo Maturano, sócio-proprietário da vinícola. “Recentemente, quando eu adquiri essa propriedade, é que eu descobri que as terras pertenceram ao meu bisavô. Arrepio só de falar”, conta Marcelo, na foto acima apresentando o projeto a um grupo de convidados.

A esses 32 hectares juntam-se mais 8 hectares de vinhedos localizados na sede. Todas as videiras serão conduzidas pela prática de manejo da Dupla Poda, que permite a colheita no inverno, a estação mais seca do ano na região. Um terceiro vinhedo está sendo preparado para a produção de uvas no ciclo de verão, destinadas à produção de espumantes pelo método tradicional, todos estes vinhedos estão sob supervisão do agrônomo Frederico Novelli, especialista na produção de uvas para vinhos de inverno.

Dentre as variedades cultivadas, estão as já conhecidas Syrah e Sauvignon Blanc, sabidamente adaptadas ao cultivo de inverno. Mas a Maturano segue em testes com outras variedades: “estamos pesquisando outras 11 variedades para entender a vocação do terroir”, pondera a enóloga Monica Rossetti, responsável pelos vinhos que começam a ser produzidos neste ano. “Estou animada com a Cabernet Franc”, comemora. Curiosamente, a vinícola está trazendo material genético de uma variedade italiana branca chamada Maturano, uma cultivar autóctone rara da região de Picinisco, no Lazio.

A acompanhar.

Fotos: divulgação vinícola Maturano

O Brasil de Vinhos esteve na Serra Fluminense a convite da vinícola Maturano.

(Luiz Gustavo Lovato, à esquerda, sócio do Brasil de Vinhos, na companhia do escritor Rogerio Dardeau)

 

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