Ser eleita sommelier do ano é uma conquista que vai além do conhecimento técnico ou da habilidade em identificar aromas e sabores complexos. Para Maíra Freire, responsável pela carta de vinhos do restaurante Lasai, no Rio de Janeiro, e ganhadora do título pelo Guia Michelin, é um caminho.

Durante sua participação no episódio mais recente do Brasil de Vinhos RECEBE, Maíra reflete sobre os desafios e as complexidades que envolvem a profissão — que recentemente foi explicada em detalhes por aqui — e como chegou onde está hoje.

A honraria, mesmo sendo uma bela surpresa, não tira seus pés do chão. “Sigo aqui polindo as minhas taças, carregando minhas caixas de vinho:  o trabalho do dia a dia continua”, diz ela. A simplicidade e dedicação às tarefas diárias destacam o que muitos profissionais de sucesso compartilham: o compromisso com a excelência.

Para Maíra Freire, o título é um reconhecimento importante, especialmente considerando o nível dos profissionais de São Paulo e Rio de Janeiro, as avaliadas pelo Guia Michelin no Brasil. “São duas cidades que têm profissionais importantíssimos com trabalhos muito consistentes, e que eu admiro muito”, reconhece.

Entre suas reflexões durante a entrevista, destaque pela valorização da versatilidade na profissão: “Não acredito no conceito de ‘melhor sommelier’. Para mim, não existe apenas uma maneira de atuar como sommelier. As possibilidades são inúmeras”, afirma.

Prêmios e concursos, segundo ela, refletem o reconhecimento da competência baseada em critérios específicos, como os do Guia Michelin, que dá especial importância à experiência do consumidor: “no aspecto do serviço de salão, ninguém avalia melhor do que o Michelin, e é exatamente essa a área em que atuo”.

Uma das nossas curiosidades na conversa com Maíra, claro, gravitou em volta do vinho. A sommelier explica que sua relação com a bebida começou de forma inusitada: “para ser uma garçonete melhor”.

Seu primeiro contato com este mundo foi motivado pelo trabalho no salão, local onde se apaixonou pela profissão, e que acabou moldando sua perspectiva sobre Hospitalidade e Serviço. “Foi como se um universo inteiro se abrisse para mim, e eu fiquei encantada com a possibilidade de transmitir isso tudo para o comensal”, relembra.

Em seu trabalho no Lasai, Maíra defende uma carta de vinhos que valorize a sustentabilidade e a autenticidade. “Provei uns dois rótulos que explodiram a minha cabeça”, diz sobre sua primeira experiência com rótulos orgânicos e biodinâmicos, que foram um divisor de águas em sua carreira. Para ela, trabalhar com vinhos naturais é um compromisso com a expressão genuína do terroir, algo que considera essencial para uma experiência gastronômica verdadeira.

Além disso, destaca a importância de entender o cliente e adaptar as recomendações ao perfil de cada um. Captar sutilezas, desejos e gostos em poucos minutos de interação: “O grande desafio é fazer essa leitura em uma breve troca de palavras”. Para Maíra, a empatia e a habilidade de ler o humor e as preferências do cliente são tão importantes quanto o conhecimento técnico sobre vinhos.

“Eu quero estar conectada a pessoas, quero saber como elas estão vibrando”, disse, ressaltando a importância de se manter antenada às mudanças e demandas do público. Embora sem planos definidos a longo prazo, Maíra revelou que considera a ideia de abrir um bar de vinhos e que continuar organizando feiras que promovam a cultura do vinho de maneira acessível e democrática, como a feira “Primeira Taça”, que promove no Rio de Janeiro.

Ser sommelier, em última análise, é uma combinação de aprendizado contínuo e conexão humana, e a trajetória de Maíra é um exemplo disso: paixão pelo serviço, humildade e capacidade de se reinventar, com um pé na tradição e outro na vanguarda. Assista ao episódio completo clicando aqui.

No dia 12 de setembro o Brasil de Vinhos RECEBE Irineu Guarnier, escritor e jornalista especializado em vinhos e agronegócio, conhecido como ‘embaixador informal’ do Terroir NoMi – uma nova e promissora região vitivinícola no Rio Grande do Sul.

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