A urgência em consumir produtos sustentáveis tomou conta do mercado, e assim como a maioria das indústrias o mundo da beleza já está adaptado a esta tendência. A procura por mercadorias que reduzam danos causados ao meio ambiente – sejam eles não testados em animais ou veganos – faz parte do cotidiano de varejistas e produtores de cosméticos.
Dentro das diversas possibilidades de matéria-prima, uma delas chama a atenção: a utilização dos resíduos de vinícolas excedentes da produção de vinhos na produção dos mais diferentes produtos. Hidratantes, cremes, desodorantes e séruns são cosméticos feitos a partir dos materiais que sobram das vinícolas que rotulam alguns dos vinhos mais apreciados do Brasil.
Uma destas empresas que transforma os rejeitos da indústria vitivinícola em produtos de beleza é a Cobucci Care, fundada pela dermatologista Margaritha Cobucci (na foto acima com Desirée Soares Galvão Bueno, que assina uma linha da marca), que utiliza resíduos de vinícolas da Campanha Gaúcha – como Batalha, Peruzzo, Guatambu, e mais recentemente, Bueno Wines. “Depois da prensa todo aquele subproduto vira descarte quando você faz vinho”, explica Margaritha. “Eu coleto esse material, seco em uma estufa desenvolvida especialmente para isso, e extraio ácido glicólico puro da uva do Pampa”, conta a dermatologista.
A médica e empresária explica que a partir do néctar extraído destas uvas cria-se um subproduto que depois é utilizado como base para variados itens, como sabonetes, shampoos e cremes. Um dos pontos que chamam a atenção, além da qualidade dos cosméticos, é a Sustentabilidade. “Estamos pegando uma coisa que iria fora e criando cosméticos; o que para as vinícolas é descarte, para mim é matéria-prima”, aponta Margaritha.
Outra iniciativa é a Vinotage, empresa pertencente ao grupo Famiglia Valduga que produz desde hidratantes corporais e faciais até batons, máscaras e tônicos, entre outros. O processo utiliza bases vegetais e ativos extraídos de fontes naturais e renováveis da vinícola Casa Valduga. “Nossos produtos não contêm parabenos e são desenvolvidos sem testes em animais, valorizando e respeitando a natureza e seus recursos”, explica Eduardo Valduga, enólogo e diretor do grupo.
Os cosméticos da Vinotage também se destacam pelo uso da nanotecnologia encapsulada de polifenóis, compostos encontrados nas cascas, sementes e polpa das uvas. “A associação de poderosos ativos naturais como o Resveratrol confere propriedades antioxidantes, hidratantes e de renovação celular”, complementa Valduga.
Morgane Pasini, farmacêutica, mestre em biotecnologia e especialista em branding olfativo, dedicou sua tese de mestrado ao reaproveitamento dos subprodutos das vinícolas, e explica os benefícios dos polifenóis. “São poderosos antioxidantes que combatem os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento, rugas, manchas e até câncer de pele”, destaca.
Morgane fundou a Vinotage em 2006, 10 anos antes de sua aquisição pela Casa Valduga, e comprovou a eficácia dos cosméticos em sua tese em Biotecnologia, realizada na Universidade de Caxias do Sul.” Estes produtos são anti-radicais livres mais potentes que as vitaminas C e E, prevenindo o envelhecimento precoce, manchas e oferecendo um poder de hidratação significativo”, comenta. “Sem dúvida, são cosméticos que contribuem para a manutenção da beleza e saúde da pele”, finaliza a especialista.
É o ciclo virtuoso da natureza: na produção do vinho é possível que tudo seja reaproveitado, os belos exemplos acima comprovam isso.
Fotos: divulgação
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