Rosana Wagner é a nova presidente da Associação Vinhos da Campanha Gaúcha

Rosana Wagner é a nova presidente da Associação Vinhos da Campanha Gaúcha

A enóloga, responsável pela vinícola Cordilheira de Sant’ana, em Santana do Livramento, toma posse do cargo no lugar de Pedro Candelária (foto abaixo, no centro, ao lado de Rosana Wagner), da vinícola Campos de Cima. Como vice-presidente assume André Gasperin (foto abaixo, à esquerda, ao lado de Laura Teixeira), da Cooperativa Nova Aliança e como tesoureira Mariana Hermann Pötter Vieira (foto abaixo, à direita, ao lado de Giovâni Peres), da Guatambu. Rosana é engenheira química, advogada e enóloga da vinícola que fundou no ano 2000 em sociedade com o marido, Gladistão Omizzolo, falecido no início de 2024.

A Associação Vinhos da Campanha Gaúcha, compreende as vinícolas Almadén, Almabaska, Batalha, Bodega Sossego, Bueno Bellavista Estate, Campos de Cima, Cerros de Gaya, Cordilheira de Sant’ana, Dunamis, Estância Paraizo, Guatambu, Nova Aliança, Routhier & Darricarrère, Seival Estate, Salton, Peruzzo, Vinhetica e Zampieri Fernandes.

Natural de Estrela, Rosana tem uma história de quase 40 anos na indústria das bebidas, onde trabalhou inicialmente na implantação do um laboratório de controle de qualidade da National Distillers. “Quando fui contratada, nem conhecia Santana do Livramento,” lembra.

Ao longo de 18 anos, cresceu na empresa e gerenciou diversas áreas, desde o engarrafamento até a produção, incluindo a parte de enologia. A indústria então foi vendida por duas vezes, e entre os anos de 1999 e 2004, Rosana foi responsável pelo gerenciamento de uma fábrica de destilados no nordeste do país e da vinícola Almadén, na região Sul. “Foram anos bem difíceis de ponte aérea entre Recife e Santana do Livramento”, relembra.

No ano 2000, ao lado do marido enólogo e diretor de operações industriais também do ramo das bebidas, fundou a vinícola Cordilheira de Sant’Ana. “É uma área de 46 hectares, com vinhedos plantados em 20 deles”, conta, “em 2003, produzimos nosso primeiro vinho”.

A Campanha Gaúcha

Com cerca de 44 mil km2, a Campanha Gaúcha (imagem acima vinhedo da vinícola Peruzzo, foto de Pablo Costa) é uma região vitivinícola em ascensão no Brasil, um local com um terroir diferenciado que combina solo e clima favoráveis ao cultivo de uvas viníferas. “A Campanha Gaúcha foi identificada por especialistas uma das melhores regiões para a produção de vinhos finos no Rio Grande do Sul, e temos trabalhado arduamente para provar isso”, afirma a empresária.

A valorização da Indicação de Procedência (IP) da Campanha Gaúcha é uma das prioridades da nova gestão. “Queremos que os municípios com vinícolas entendam a importância da IP e ajudem a divulgá-la. Isso fortalecerá a nossa identidade e aumentará a confiança dos consumidores,” diz, ressaltando a importância da IP como um reconhecimento da qualidade e da origem dos vinhos locais.

Rosana também destaca a importância de ações de marketing consistentes para ampliar o reconhecimento dos rótulos da região: “Estamos comprometidos em fortalecer a marca da Campanha Gaúcha pelo Brasil todo. Queremos divulgar a qualidade dos nossos vinhos e as experiências enoturísticas que oferecemos”.

Para isso, a ideia é firmar parcerias com prefeituras e secretarias de turismo para aumentar a visibilidade e atratividade da região: “durante a pandemia percebemos um aumento significativo no turismo interno. Queremos que mais pessoas venham conhecer nossas vinícolas e desfrutar das experiências únicas que oferecemos”, disse. A Associação está desenvolvendo roteiros turísticos em conjunto com o SEBRAE, promovendo visitas a vinícolas, museus e pontos históricos. “Vamos divulgar não só os vinhos, mas também outras atrações turísticas para enriquecer a experiência dos visitantes”, conclui.

Outro ponto é a relação com instituições de ensino e pesquisa. “Estamos fortalecendo nossa colaboração com universidades como a Unipampa e a Universidade de Santa Maria para fomentar pesquisas que beneficiem a vitivinicultura local”, explica. Essas parcerias tem o objetivo de promover avanços tecnológicos e científicos que possam ser aplicados na produção de vinhos, aumentando ainda mais a qualidade e competitividade dos produtos da região.

Cultura de sustentabilidade

Evidenciado em decorrência das enchentes que recentemente afetaram o Rio Grande do Sul, o desafio climático trouxe dificuldades econômicas para os produtores locais. “Todos os gaúchos foram impactados de alguma forma. As enchentes recentes e o fenômeno El Niño afetaram significativamente a nossa produção. As chuvas intensas durante períodos críticos como a brotação e a maturação das uvas causaram perdas consideráveis,” relata Rosana.

Eventos climáticos têm consequências diretas na qualidade e quantidade das uvas durante a vindima: “a nossa colheita deste ano foi reduzida devido ao excesso de chuvas. Porém viemos de anos muito bons, o que nos ajudou a manter um estoque regulador e a equilibrar a produção,” acrescenta. Mesmo diante desses desafios, a determinação dos produtores e a união da comunidade vitivinícola têm sido fundamentais para superar as adversidades.

A Sustentabilidade se destaca na produção dos vinhos na Campanha Gaúcha, enfatizada pelo fato da indústria vinícola possuir um baixo potencial poluente, já que muitos dos resíduos podem ser reaproveitados nos próprios vinhedos. “As cascas de uva e outros resíduos retornam para o campo. Também, os efluentes industriais, como as águas de lavagem de tanques e equipamentos, não representam um grande resíduo de produção,” explica Rosana.

A enóloga ressalta a crescente adoção de energias renováveis pelas vinícolas da região. “Existem várias empresas do setor que estão implantando placas fotovoltaicas para sua própria energia (foto acima, vinícola Guatambu) ou estão no mercado livre, comprando a energia produzida por usinas que gerem energia limpa”, disse ela, enfatizando a consciência ambiental dos empresários da Campanha Gaúcha, “cada vez mais, esse é o caminho”, conclui.

A ligação dos produtores com a terra e a paixão pelo vinho contribuem para essa preocupação ambiental. “Geralmente os empresários do setor do vinho têm ou tinham outros negócios e, por questões ligadas à paixão pela bebida e ao trabalho com a terra, têm uma sensibilidade de preservação da natureza. Essa preocupação com o meio ambiente existe de forma natural”.

Um convite aos turistas

Rosana Wagner inicia sua gestão com um convite aos amantes de vinho e turismo: “Todos estão convidados a conhecer a região da Campanha Gaúcha, temos muita história para ser descoberta e muitas experiências enoturísticas para serem vivenciadas” convida.

O incentivo se estende a todos que buscam visitar as vinícolas, degustar os vinhos e explorar a rica gastronomia local. “Nossas vinícolas estão de portas abertas para receber os visitantes. Além dos vinhos, oferecemos experiências gastronômicas únicas” diz a nova presidente.

 

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